domingo, 22 de março de 2015

MENSAGEM DE AGRADECIMENTO*

Porque a amizade é o que me une a todos vós, desde familiares a vizinhos e conterrâneos, colegas da escola secundária, da universidade e de profissão, companheiros e adversários da política, autarcas do passado e do presente, clientes, dirigentes associativos e de outras áreas do voluntariado, da minha e de outras freguesias, de Oliveira do Bairro e de outros concelhos, só tenho uma forma de começar: Minhas Amigas e Meus Amigos, a todos ‘muito boa tarde’!
 
Como sabemos, o equinócio da Primavera traz-nos temperaturas mais amenas, e paulatinamente todos voltamos a reencontrar pessoas e lugares que as folhas douradas do outono e o recolhimento do inverno, se encarregaram de nos fazer pareceram distantes.
 
Empurrando as nuvens para a Serra do Caramulo, o vento soprará cada vez mais ligeiro, e os nossos lábios ganharão sorrisos de que já nos parecem esquecidos, lembrando-nos que a vida é feita de recomeços.
 
E apesar de estarmos num tempo, em que cada vez mais se perde a familiaridade com os livros, em favor, e de forma quase exclusiva, das novas tecnologias, o que nos traz aqui hoje é exactamente o lançamento e apresentação de um livro.
 
Significa isto que apesar de haver quem considere os livros como qualquer coisa de obsoleto e antiquado, e portanto, algo fora de moda a arrumar e a esquecer no sótão do nosso imaginário, ainda vai havendo quem, mesmo assim, teime em avançar para a edição de livros.
 
Feitas estas considerações, importa dizer que apesar da falta de interesse pelos livros que de uma forma generalizada vai grassando por todo o lado, foi em perfeita consciência que avancei para o lançamento deste ‘Estórias d’Escritas’;
 
E foi também de forma consciente que decidi que este lançamento deveria ter lugar hoje, dia 21 de Março, aquele em que se comemora o Dia Mundial da Árvore.
 
Uma decisão que tomei, tendo na devida conta que a execução das cinco centenas de exemplares desta edição significaram o abate de três eucaliptos.
 
E ainda que a qualidade literária do livro o justificasse, do que tenho sérias dúvidas, faria sempre questão de recompensar a Mãe Natureza;
 
Caros Amigos:
 
Depois destas notas à guisa de introdução, começo por agradecer a vossa presença;
 
Mas de uma forma muito especial, a daqueles que relegaram para segundo plano as suas obrigações familiares, profissionais ou meramente sociais, para estarem agora aqui;
 
E agradeço também àqueles que, embora não estando fisicamente presentes, fizeram questão de me contactar dando nota dos seus impedimentos, permitindo-me destacar o Senhor Comendador Almeida Roque, que num amável e-mail cuja divulgação expressamente autorizou, me deu nota de uma questão de saúde que, embora passageira, o impede de estar presente, solicitando a reserva de cinquenta e dois exemplares, cinquenta dos quais para serem distribuídos aos músicos seniores da Banda Marcial de Fermentelos.
 
Agradeço com particular carinho à UDCRSilveiro or ter disponibilizado este magnífico espaço para a realização deste evento.
 
À Marta Abrantes, agradeço não só por ter aceitado o repto que lancei, mas especialmente pelo brilhante trabalho de apresentação que ela própria e a sua equipa, fizeram do ‘Estórias d’Escritas’;
 
E este é um agradecimento que pretendo extensivo não apenas ao mérito da juventude, mas especialmente à capacidade e ao trabalho da comunidade académica do concelho e que a Marta aqui tão bem representa, tornando evidente que as “Escolas Boas” vão muito para além de novos edifícios construídos de raiz, uma vez que estão indissociavelmente ligadas à formação dos alunos, ensinando-lhes o valor da solidariedade, e incutindo-lhes os princípios da igualdade e principalmente os da responsabilidade e da oportunidade;
 
Um agradecimento também aos músicos da Banda Marcial de Fermentelos, todos do concelho de Oliveira do Bairro, por se terem disponibilizado a partilhar connosco a estreia mundial da composição musical incluída neste livro, conferindo um brilho especial ao lançamento da obra;
 
A vossa presença aqui e agora é também uma homenagem ao trabalho que as filarmónicas desenvolvem ao serviço da música, em prol da formação e do enriquecimento cultural das comunidades em que nos inserimos.
 
Amigas e Amigos:
 
Todos vós, que me conhecem, têm, com certeza, alguma dificuldade em perceber como é que o lançamento de um livro da minha autoria poderia, alguma vez, ser um acontecimento.
 
 E isto, por uma única e simples razão: é que quem me conhece sabe que eu nunca quis ser, não sou, e nem ambiciono ser escritor;
 
É por isso que com a publicação deste livro, nem procuro ficar famoso, nem sequer passar a ser reconhecido na rua…
 
A mim bastar-me-á apenas que haja alguém, que depois de ler o ‘Estórias d’Escritas’ diga para si mesmo que "também gostaria de ter escrito ‘isto’!".
 
E ‘isto’, o que está escrito, são algumas reflexões, simples análises de consciência crítica, que fui fazendo sobre assuntos da vida quotidiana, sensações estas que depois, como operário da escrita, fui colocando no papel, num espírito muito ‘efe-erre-á’, por vezes com alguma fantasia, é certo, mas sempre sem qualquer situação inverosímil.
 
Textos que embora sem qualquer ambição literária, foram escritos com muito prazer, aparecendo agora sob a forma de um ‘livro’…
 
E muito embora sejam múltiplas as definições de ‘livro’, o que é certo é que sejam estas quais forem, todas têm como elemento comum o facto de considerarem o ‘livro’ como um ‘instrumento cultural de difusão de ideias e de transmissão de conceitos’.
 
E nesta qualidade, é sabido que um livro pode, por si só, ser uma autêntica arma e um verdadeiro objecto de poder;
 
Não é o caso deste ‘Estórias d’Escritas’, que nem é uma arma, nem um objecto de poder;
 
Até porque o único poder que julgo ter e que faço questão de preservar, é o de manter a minha coluna vertebral o mais direita possível, como forma de sustentar a minha vontade em perfeita disciplina.
 
Aqui chegado, importa então perceber por que razão este ‘Estórias d’Escritas’ vê a luz do dia.
 
Como é sabido, é atribuída ao poeta e revolucionário cubano José Martí (1853–1895) a autoria da frase «Há três coisas que cada pessoa deveria fazer durante a vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro»
 
E tendo já cumprido as duas primeiras dessas tarefas, pareceu-me chegado o momento de atingir a última dessas três missões.
 
Foi por essa razão que procedi à selecção de uns quantos textos da minha autoria e é essa, no fundo, a razão de ser deste ‘Estórias d’Escritas’.
 
Como sabemos, nos dias que correm todos nós tropeçamos em ‘estórias’ que se cruzam no nosso caminho, que na maioria das vezes ignoramos, seguindo em frente;
 
Mas também sabemos que sem pensamento e sem arte não há felicidade, e sem criatividade e sem liberdade, não há futuro: e que nada é mais aberto do que o futuro!
 
A partir daqui, o que a realidade se encarrega de nos mostrar, é que a comunidade em que nos inserimos não pode prescindir de olhares atentos e críticos, e necessariamente reivindicativos dos seus pares;
 
E porque é assim que gosto de estar na vida e na sociedade, optei por dar atenção a algumas das ‘estórias’ com que me cruzei, numa missão que considero pura e exclusivamente cívica!
 
Condensando ideias do que vai na alma desse ‘Job’ que há em cada um de nós, as ‘estórias’ deste livro acabam por converter em pegadas de proximidade verdadeiramente silenciosa, mensagens que se assumem como porta-vozes de algumas inquietações.
 
É caso para dizer que se eu fosse um homem da cidade, diria que tudo teria a ver com o facto de ser avesso a fundamentalismos;
 
Mas como sou um aldeão e gosto do campo, prefiro dizer que tudo tem a ver com o facto de, apesar de gostar de animais, não gostar nada, mas mesmo nada, de rebanhos…
 
É que, tal como nos fundamentalismos, os rebanhos também não discutem… e, pior que isso, não se discutem…
 
É por isso que a publicação do ‘Estórias d’Escritas’ não é uma aventura ou a satisfação de um mero capricho, mas uma opção coerente com a minha consciência, pela recusa do caminho fácil da acomodação.
 
Uma referência também para a versão ortográfica do ‘Estórias d’Escritas’:
 
Como consta da página de abertura do ‘Falemos Sinceramente’ uma aventura bloguística que mantenho há quase cinco anos, entendo eu que a língua portuguesa é um património a defender, a preservar e a valorizar;
 
Nessa linha de pensamento, recuso-me escrever segundo as regras do novo aborto ortográfico, opção que sigo em tudo o que escrevo, seja na correspondência particular, seja nas peças processuais que profissionalmente subscrevo, seja num qualquer texto que entenda tornar público, seja num jornal, seja num site ou num blogue.
 
Como disse, nunca quis ser, não sou, e nem ambiciono ser escritor; mas como prezo a língua portuguesa, fiz questão de sujeitar esta compilação à análise literária de uma editora.
 
Agradeço por isso à Chiado Editora na pessoa do Dr./ Prof. Pedro Mendonça, por ter acreditado na alma deste projecto, e por ter-me permitido dar-lhe um corpo.
 
Mas pese embora o pronto acolhimento dado pela Chiado Editora à edição da obra, entendi por bem que à entrada desta sala fosse colocado um aviso para o ‘perigo de descontaminação literária’ que a leitura do ‘Estórias d’Escritas’ pode representar para os mais incautos;
 
Uma nota ainda para uma particularidade do livro: quem já teve ocasião de o abrir, já se apercebeu que não está prefaciado;
 
Em boa verdade, em vez de um prefácio há uma série de depoimentos prestados por 16 pessoas ilustres, das mais diversas áreas do conhecimento, desde 2 jornalistas a 2 advogados, 2 maestros (sendo um militar de carreira e outro um académico e compositor), 1 arquitecta, 3 professores (sendo 2 universitários e 1 do ensino secundário), 1 galerista, 1 sociólogo, 1 padre, 1 juíz de direito, 1 dirigente associativo que conhece por dentro o sistema prisional do país, e até 1 escritor (que também é vice-presidente de uma câmara municipal);
 
No fundo, uma plêiade e gente boa, sã e talentosa, suficientemente afastada do espaço onde habitualmente respiro, trabalho, amo e penso, amigos a quem agradeço a opinião franca e a crítica descomprometida, e que pela isenção que reveste, muito enriquece o livro, acrescentando-lhe valor: a todos vós, o meu ‘muito obrigado’.
 
A rematar, e sem prejuízo do que vou dizer poder ser um perfeito equívoco, digo-vos que a minha incursão pela literatura deve ficar por aqui mesmo, pelo lançamento deste filho único;
 
No entanto, apesar de o objectivo de publicar um novo livro não me parecer importante, manter-me-ei interventivo, pela escrita ou por qualquer outro meio, tomando posições e defendendo causas, estando de um ou do outro de cada questão, e erguendo sempre a bandeira da liberdade de pensamento e da sujeição a convicções, tendo sempre como lema a consciência social e como princípio a transparência da res publica.
 
Mas ainda que assim não seja, posso garantir que este ‘Estórias d’Escritas’, não sendo o melhor livro que alguma vez foi escrito, é aquele que de que eu me orgulho de ter escrito, porque foi um acto de vontade e de prazer, uma ‘missão que considero integralmente cumprida’.
 
E porque acredito que na criação literária o prazer de quem escreve acaba por se prolongar no prazer de quem lê, o que desejo a quem ler o ‘Estórias d’Escritas’ é que tenha tanto prazer como eu tive em escrever os textos que aí estão.
 
É esse gosto, muito ou pouco, e essa satisfação, grande ou pequena, que cada um, à sua maneira, poderá expressar no final do livro;
 
Serão posfácios que certamente nunca lerei, mas é para mim uma satisfação deixar a todos um espaço próprio para que cada um possa escrever o que lhe aprouver sobre o ‘Estórias d’Escritas’.
 
E porque o caminho que tenho percorrido me tem ensinado a preocupar-me com os silêncios daqueles que sei que são bons, e não com os gritos dos que se dizem bons, cumpre-me referir que este é um projecto que não visa qualquer lucro financeiro ou prejuízo ambiental.
 
E por isso, depois de garantido o pagamento da despesa da respectiva edição, entregarei o valor dos direitos de autor sobre as vendas que deste livro vierem a ser feitas pela Chiado Editora, em partes iguais, às três colectividades a cujas direcções tive a honra e o privilégio de presidir nos últimos trinta anos: a União Desportiva Cultural e Recreativa do Silveiro, a Associação dos Amigos de Perrães e a Banda Marcial de Fermentelos.
 
Sei que é modesto, mas não deixa de ser um contributo em prol do associativismo e de causas solidárias que entendo justas e meritórias.
 
É também às mãos amigas destas associações que deixo três espécies ornamentais de árvores-do-âmbar, que depois de plantadas ficam a aguardar que lhes matem a sede com esse bem cada vez mais estratégico que é a Água, que tão maltratada tem sido pelo poder político e cujo Dia Mundial se comemora amanhã, dia 22 de Março.
 
Bem sei que este é um gesto simples, mas o que verdadeiramente me importa é convertê-lo num aceno de cidadania activa, em redor de um desígnio que muito prezo, que é o de tornar mais saudável, mais ecológica, e mais sustentável a terra em que vivo, e que é afinal aquela que me deu inspiração para a concretização deste ‘Estórias d’Escritas’.
 
Caras Amigas e Caros Amigos:
 
Nesta tarde de emoções que ouso considerar como um momento de verdadeira vivência de afectos, deixei para o final os últimos agradecimentos:
 
Desde logo, aos dois cúmplices que a mim se juntaram nesta aventura: a minha Amiga Lara Roseiro, que me deu a distinção de incluir no ‘Estórias d’Escritas’, não só os desenhos originais que ilustram cada um dos textos, mas também a magnífica pintura que criou exclusivamente para ilustrar a capa: obrigado Lara!
 
E depois, o Prof. e Maestro Carlos Marques, que aceitou o desafio de supervisionar a composição de uma partitura original, permitindo que para além da arte plástica também a arte da música fique associada à edição dos textos que integram este livro: obrigado Maestro, e obrigado malta da Rambóia por esta estreia mundial!
 
Agradeço também aos meus familiares, aos meus amigos de sempre e a todos os companheiros de jornada, com quem partilho sortes há várias décadas, e que me encorajaram a levar este desafio por diante;
 
E mesmo a terminar agradeço ao dois jovens do curso profissional de cozinha que aceitaram participar neste evento, servindo o espumante de honra que se segue, e para o qual estão todos convidados.
 
Agradeço mais uma vez a vossa presença, e a paciência que tiveram para comigo.

Obrigado a todos.

Jorge Mendonça

*Intervenção proferida na sessão de lançamento do livro "Estórias d'Escritas"