terça-feira, 1 de julho de 2014

ERA UMA VEZ...


POR BEM
Uma galinha, um pato, um cão e um burro iam a fugir por uma estrada fora

Corta-lhes a correria um polícia: 
- Alto lá, seus fugitivos. Para irem com essa pressa, alguma maroteira fizeram. 

Eles protestaram que não, mas o polícia, desconfiado, quis saber pormenores. Então, a galinha explicou: 
- Eu ia a fugir, porque ontem ouvi que iam fazer canja, lá em casa. 

Ao que o pato acrescentou: 
- E depois da canja, pato com arroz... 

O cão explicou: 
- O meu dono ia mandar-me para o canil. 
- E o meu dizia que eu estava velho e ia mandar-me abater - disse o burro. 
- Mas comigo ainda podes - disse o polícia, saltando-lhe para os costados. 

Presa a cada mão, trazia o pato e a galinha. Salvara-se o cão, que o polícia não teve maneira de prender. 
- Toca a andar para a esquadra - comandou o polícia. - Vai tudo preso. 

O burro, habituado a obedecer, obedeceu. Mas o cão, que se safara, é que não se conformou. Deu uma valente mordidela numa das patas do burro, que escoiceou. O polícia caiu ao chão e largou a galinha mais o pato. 

Correram os bichos. Mal refeito da queda, o polícia não teve forças para persegui-los. 
- Desculpa a dentada - disse o cão ao burro, quando se viram a salvo. - Mas foi por bem. 
- Não tem importância - respondeu o burro, a mostrar os grandes dentes, num riso de felicidade. - Há coisas que ardem, mas curam.

António Torrado | Cristina Malaquias, aqui