Nunca os políticos produziram notícias, tão a destempo, destapando o que
já se sabe (porcarias), com isso gerando confusão e pondo em alvoroço os
portugueses, que estão já de pé atrás, nem têm pachorra para ouvir a sua demagogia
de banha da cobra, já gasta e rançosa, as suas promessas de hoje, não cumpridas
amanhã.
Mandam-nos bugiar. Além de verdeiros rapazinhos, armados em estadistas,
sem estaleca, têm um comum defeito: são muito esquecidos, tomados de uma
crónica amnésia. Políticos, corruptos e banqueiros, dado o desgaste rápido,
padecem deste mal, quando confrontados com verdades.
Na semana passada, Durão
Barroso, que deixara o país de tanga, lembrou-se, subitamente, que Victor
Constâncio não prestou a melhor atenção às “três convocatórias” sobre o que de
mal estava a passar-se no BPN. Não se entende muito bem como é que assunto tão
sério e grave não mereceu séria troca de impressões e rápida tomada de accão,
antes se tratou por cima da burra, sem incómodo.
Só eles não quiseram ver.
Crime cometido no BPN, houve responsáveis, cujo rosto mais visível é o de Oliveira Costa. E os
outros? Todos os processos contra banqueiros estão a prescrever. Por ardilosas
e dilatórias artes de dúzias de bons advogados ao seu serviço, perante uma
justiça impotente e lenta (é a força dos tubarões).
Há tempos, foi arquivado o
processo contra Jardim Gonçalves, do BCP. Não desembolsou o milhão de euros.
Agora, sucedeu o caso de Luís Gomes que tinha sido condenado pelo Banco de
Portugal a pagar uma coima de 650 mil euros. Outras prescrições estão à vista:
João Rendeiro do BPP, se for aceite um recurso de defesa.
Também Oliveira Costa
pode merecer esse “milagre”. A sua defesa já apresentou um pedido de prescrição
do processo de contraordenação do Banco de Portugal ao BPN. Enquanto o advogado
de José Penedos no processo Face Oculta veio dizer que Godinho fez “mau negócio
de corrupção”. Os mercedes eram realmente caros e um beneficiário até o vai
vender…
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 10 de Abril de 2014