A dignidade de cada ser humano mede-se pela sua capacidade de reconhecer que uma pessoa é em si mesma um fim, nunca um meio.
Tratar o outro como uma coisa, um instrumento, é não lhe reconhecer o seu valor fundamental. A sua dignidade essencial.
Ser humano é apenas um estado intermédio entre o animal e a pessoa... ao humano falta criar-se enquanto ser único e irrepetível. Ser pessoa é cumprir o projeto de si (que talvez exista desde muito antes de nascer...), assumindo a capacidade crítica que lhe permite conhecer o bem e o mal e a partir daí realizar-se. Sem se ficar por intenções.
Intimidade imensa, mistério profundo, cada um de nós é um universo secreto cheio de estrelas por entre as trevas. Cada homem, à imagem e semelhança de Deus, deve ser criador. Autor de si mesmo... Original, verdadeiro e autêntico.
A construção da identidade pessoal faz-se pela abertura do eu ao outro, ao mundo, pela capacidade que tenho de, mais do que me envolver, de me comprometer, assumindo para mim alegrias e tristezas que, na origem, não são minhas. Será esta a dinâmica que permite a (re)construção de um mundo melhor. Só há pessoa dentro de uma vida partilhada e comunitária.
O outro é sempre um fim. A única pessoa que pode ser tida como um meio sou eu...
Quando me faço instrumento da felicidade daquele a quem for capaz de me dar.
Um abraço é a forma mais simples de chegar ao que está por detrás das máscaras. À substância que ama e é amada. À real presença de um nós.
José Luís Nunes Martins, aqui