segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

MATOU QUATRO PESSOAS, MAS O JUÍZ DIZ QUE NÃO O PRENDE POR SER RICO

Aí está uma sentença que mostra as preocupações humanistas de alguns juizes - em relação aos meninos ricos. Ethan Couch, um adolescente texano de 16 anos que conduzia alcoolizado e matou quatro pessoas num acidente, não vai cumprir pena de cadeia. Motivo: ele é milionário.

Para justificar a decisão de não prender, o juiz explicou que os pais de Ethan sempre lhe deram tudo o que ele queria, e nunca lhe ensinaram que as acções têm consequências. 


Ocupados com o seu egoísmo e as suas próprias vidas, deixaram-no crescer entregue a si mesmo, sem lhe incutirem bons princípios - um problema típico desse tipo de famílias, segundo o tribunal. O menino tem desculpa, portanto.

A comunidade jurídica diz-se chocada, mas não deve ter ficado realmente surpreendida, uma vez que este tipo de solução é comum. Meninos ricos que vão a conduzir bêbados (Ethan acusou três vezes o nível de alcool permitido) e matam gente, sendo depois safados pelos tribunais com uma qualquer desculpa falaciosa, é o que mais acontece no Texas e noutros lugares dos EUA, e não só. Os juizes apenas não costumam ser tão explícitos. Geralmente invocam a conveniência de não estragar tão cedo uma vida promissora, ou outra razão piedosa.

Evidentemente, quando é um miúdo pobre, em especial negro, a idade e as circunstâncias não lhe servem de nada. Aí a família até funciona como agravante - mães solteiras, pais ausentes, subsídiodependência, irresponsabilidade, disfuncionalidade... Tudo sugere que o melhor é deixar o menino ficar preso umas décadas, até ele acalmar. Ainda agora surgiram novas informações sobre o extraordinário número de gente - desproporcionalmente negra - a cumprir penas de prisão perpétua por crimes não violentos, por vezes pequenos roubos em lojas e coisas assim.

A própria lei actualmente está feita de modo a impôr penas muito prolongadas de cadeia nesses crimes típicos dos pobres. Pode-se entrar na cadeia aos dezasseis anos e sair aos sessenta (ou nunca chegar a sair) por relativas bagatelas. Já se for um jovem milionário que mata alguém, todas as atenuantes são boas.