O reino leva
jeito de anarquia. Há uns tantos que na Aula Magna disseram coisas
desajuizadas, mas com malévolo intento.
H. Roseta (quem a viu e quem a vê)
advogou a violência contra a violência do governo (cortes), tal como Vasco
Lourenço ameaçou que o governo tem de sair, “se não for a bem, será à paulada”.
Ao mesmo tempo, a polícia subia a escadaria da Assembleia da República (AR).
Parecia que tudo estava previamente combinado. As forças de segurança, que são
voluntárias e juraram manter a ordem, dão este perigoso exemplo de desordem. Na
semana passada, ficámos a saber também que não pagamos só aos deputados para
alguns dormirem ou lerem os jornais ou fazerem leis que os protejam (há sempre
um buraco na rede).
Deputados do BE e do PCP, aliados
nas maldades, juntaram-se ao Arménio Carlos e outros camaradas num piquete.
Gostámos de ver que a democracia foi reposta à força (enchem a boca com a
democracia, mas cospem-lhe, quando isso lhes dá jeito). Claro, depois, foram
para a AR com o disco habitual, coitados, foram ofendidos nos seus direitos (e
os de quem queria trabalhar?), impossibilitados de circular, quando que
precisamente os piquetes são para dificultar a circulação da outra parte. Para
isso é que estavam a dar o corpo aos camiões. Todos sabem que quanto mais
depressa circulassem, mais rapidamente iam à vida os motoristas, mas eles
embirravam, não queriam que assim fosse. A presidente da AR disse que iria
averiguar. A estas horas, ainda vão cobrar horas extras.
A anarquia vai-se instalando pouco a pouco no país. Lisboa sempre foi a perdição do reino. Há uma conjugação de forças e factores que isso configuram. Como a invasão (ordenada) simultânea de quatro ministérios, também na semana passada. A operação, tal como a de qualquer guerrilha, foi montada em segredo. É um arremedo de guerrilha urbana. A CGTP tem as suas “forças”, ou as suas alavancas, na rua e até na AR: os deputados do PCP e do fragmentado BE.
Pelo menos, cheira muito às malfeitorias do PREC.
De má memória.
Armor Pires Mota no 'Jornal da Bairrada' de 5 de Dezembro de 2013