terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A TRAGÉDIA DOS SEIS E O DRAMA DOS SEUS

Sete jovens, numa praia em noite de luar


O mar pode ser encrespado ou chão de onde saltam ondas raras e vigorosas, mas a praia é larga e engana. 

A onda veio mesmo, levou os sete e só um devolveu com vida. No Meco, seis jovens envolvidos numa tragédia daquelas que não podem ser medidas pelos de fora. As mortes políticas ajudam os correligionários a cerrar fileiras e, aí, a tragédia ganha um sentido. 

As mortes cometidas por criminosos têm o mérito de nos relembrar a maldade. As mortes de acidente alertam-nos para os erros cometidos, da velocidade a mais, numa estrada, aos crimes contra a natureza, nos tufões... 

São todas mortes com sentido, embalam causas, acirram revoltas e até educam. No Meco foram sete jovens numa praia de areal vasto a quem um destino inesperado veio pedir contas. Levou seis, devolveu um, em contas de deuses. 

Não há lição a tirar, há só que aceitar o balanço. Não há nada a aprender para o futuro, não há como apontar culpados. Então, à tragédia dos seis junta-se o drama dos seus. 

Nem raiva podem ter. Os seus foram-se sem porquê. Ou porque sim, convencer-se-ão com o peso que arrasta as comissuras dos lábios para baixo e faz encolher os ombros. Esse drama dos amigos e familiares de uma tragédia sem sentido obriga-nos a todos, os de fora, ao silêncio. 

Eu também remeter-me-ia a ele, não fosse ter lido os nojentos comentários no online do meu jornal. Só passei por cá para dizer que estou envergonhado.

Ferreira Fernandes, aqui