Não se
percebe que interesse têm os políticos em complicar o que é simples.
Por
exemplo, no caso do guião da reforma do Estado, que foi prometido apresentar em
Fevereiro e só foi dado à luz passados 9 meses de gravidez.
Ou não é coisa
importante, se fosse era apresentado por Passos, argumenta alguma oposição, ou foi
falta de tempo de Portas para alinhavar meia dúzia de ideias soltas, umas já em
prática, outras para o futuro, não já o deste governo, mas do próximo, liderado
pelo PS.
Depois, é sabido que pela reforma do Estado deveria ter começado este
caminho para cumprir o memorando de entendimento com a Troika. O tempo em que é
apresentado, quando se discutia o Orçamento do Estado, aprovado pela maioria,
também foi inadequado. Foi uma espécie de manobra de diversão, panaceia
estratégica.
Este
guião, que logo foi bombo de festa, é uma espécie de memorando interno em que o
PSD quer, à viva força, envolver o PS, para levar por diante pós-Troika, mas os
socialistas negam sentar-se à mesa. Dizem que só falam com o PSD na AR. Este
namoro por correspondência e por desafios de Portas e outros, não será fácil,
em face do clima de crispação que tem reinado, desde o início deste governo,
que só se lembra do PS, quando precisa, tal como o povo só se lembra de Santa
Bárbara, quando troveja.
Como Sócrates só se lembrou, em tempos, do PSD, quando
tinha a corda na garganta. Igualzinhos. Quando acaba esta política trauliteira?
Como quer que seja e para além das razões dos amuos, o PS tem todo o interesse
em negociar com o governo este processo de reforma do Estado que, ao contrário
da refundação, anunciada por Passos, não quer destruir o Estado Social, antes
encontrar soluções para a sua sustentabilidade.
Não é só importante a reforma
do Estado, que também deve envolver o seu emagrecimento em questão de
nomenclatura de pessoal adstrito aos ministérios, (coisa que o governo não faz,
bem pelo contrário) mas sobretudo pela reforma das mentalidades dos políticos
que se têm de convencer que estão para servir o povo, e não servir-se.
Quem
pensar em aproveitar o posto ou as influências para enriquecer, deverá criar
empresas, como me disse hoje um amigo.
Assim, já não comerão nada do que é
nosso.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 7 de Novembro de 2013