quinta-feira, 7 de novembro de 2013

GUIÃO E CARTAS


Não se percebe que interesse têm os políticos em complicar o que é simples

Por exemplo, no caso do guião da reforma do Estado, que foi prometido apresentar em Fevereiro e só foi dado à luz passados 9 meses de gravidez. 

Ou não é coisa importante, se fosse era apresentado por Passos, argumenta alguma oposição, ou foi falta de tempo de Portas para alinhavar meia dúzia de ideias soltas, umas já em prática, outras para o futuro, não já o deste governo, mas do próximo, liderado pelo PS. 

Depois, é sabido que pela reforma do Estado deveria ter começado este caminho para cumprir o memorando de entendimento com a Troika. O tempo em que é apresentado, quando se discutia o Orçamento do Estado, aprovado pela maioria, também foi inadequado. Foi uma espécie de manobra de diversão, panaceia estratégica.

Este guião, que logo foi bombo de festa, é uma espécie de memorando interno em que o PSD quer, à viva força, envolver o PS, para levar por diante pós-Troika, mas os socialistas negam sentar-se à mesa. Dizem que só falam com o PSD na AR. Este namoro por correspondência e por desafios de Portas e outros, não será fácil, em face do clima de crispação que tem reinado, desde o início deste governo, que só se lembra do PS, quando precisa, tal como o povo só se lembra de Santa Bárbara, quando troveja. 

Como Sócrates só se lembrou, em tempos, do PSD, quando tinha a corda na garganta. Igualzinhos. Quando acaba esta política trauliteira? Como quer que seja e para além das razões dos amuos, o PS tem todo o interesse em negociar com o governo este processo de reforma do Estado que, ao contrário da refundação, anunciada por Passos, não quer destruir o Estado Social, antes encontrar soluções para a sua sustentabilidade. 

Não é só importante a reforma do Estado, que também deve envolver o seu emagrecimento em questão de nomenclatura de pessoal adstrito aos ministérios, (coisa que o governo não faz, bem pelo contrário) mas sobretudo pela reforma das mentalidades dos políticos que se têm de convencer que estão para servir o povo, e não servir-se.

Quem pensar em aproveitar o posto ou as influências para enriquecer, deverá criar empresas, como me disse hoje um amigo. 

Assim, já não comerão nada do que é nosso.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 7 de Novembro de 2013