BORRACHA LIBERDADE
Faltava-me qualquer coisa para continuar a trabalhar.
- Ó Sandra, não me arranja uma borracha?
Que sim, disse ela.
Foi e veio e trouxe-me a borracha:
- Não sei se esta serve, parece-me dura. – E deu-ma,
duvidosa da serventia.
Parecia uma medalha, uma bandeira desabotoada ao vento.
- Se calhar não apaga nada… - tornou ela.
E não devia, de facto.
A Liberdade não apaga.
Esboça. Escreve. Regista. Aponta. Desenha.
- E é dura… É dura não é? – Insistiu.
Sim, Sandra, é dura. Porque a Liberdade assenta na Verdade.
E a verdade é dura.
Muitas vezes.
Vezes de mais.
Mas só a verdade liberta.