Este Governo tem uma fixação pelo retrovisor.
Se um governante diz "é
irrevogável!", logo engrena a marcha atrás. Se dos governantes esperamos o
"princípio da não retroatividade", logo nos atropelam às arrecuas... Este
Governo pode ter muitos problemas de mecânica, mas com ele a marcha atrás não
custa a entrar.
Ela funciona bem, como repararam, mas ao arrepio das palavras.
Por isso é preciso ler o Governo com números. Defina-se pobrezinho: 419.
Está lá
, no Indexante dos Apoios Sociais: o limiar da pobreza é 419 euros por mês.
Ganhas isso, não te tocam, não se bate num 419 no chão. Os 419 trabalham - sem o
saber (e sem ganhar um chavo, só ficam isentos de pancadas suplementares) - para
o Governo. Servem para fazer a conta mágica. Multiplicados por 1,5, um 419 dá
(quase) 629. Um pobrezinho e meio igual a uma vaca.
Defina-se uma vaca: um
pobrezinho e meio, já bom para ordenhar e ser retalhado, dar leite e carne, e
ainda a pele para tapetes. O Governo está-se nas tintas para as parcelas da
operação, só lhe interessa o resultado mítico: 629! A vaca que é rica. A partir
do fantástico número é só faturar. Este Governo, além da marcha atrás, é bom na
tentativa de nos convencer.
Para nos convencer, o Governo tem um argumento
tremendo: a viúva do banqueiro. A que acumula pensões de sobrevivência gordas e
cintilantes. A viúva do banqueiro nunca fez nada na vida.
Faz agora:
convence-nos que a vaca 629 tem de levar na cornadura.
Ferreira Fernandes, aqui