Tentei fugir ao comentário
político, duas semanas.
Quis deixar os políticos e o governo em paz. Vinha aí um novo
ciclo. Só que há ocasiões em que não se pode deixar de gritar, branquear casos
que envolvem o ministério das finanças que deveria ter a maior estabilidade
para fazer planos, Orçamento e não se enganar nas contas.
Em vez disso, viveu
dias de ferro e fogo da parte da oposição e dos órgãos de comunicação e não
sabemos se o filme dos “swaps” (acções de elevado risco) não irá continuar com
novos episódios. A escolha de Pais Jorge pela ministra, Maria L. Albuquerque,
foi péssima.
Se já não
lhe restaria muita espaço de manobra para escapar à valente chamuscadela,
então, na caricata entrevista televisiva, mostrou-se esquecido das reuniões de
negócios em S. Bento ,
negou responsabilidades, meteu os pés pelas mãos, fez uma figurinha triste,
contradisse-se; horas adiante, falava da falsificação de documentos.
Foi a
machadada final. Só tinha um caminho, demitir-se. Perante tal desastre na
entrevista quase me leva a crer que ele não tinha argumentos sólidos para
vender gato por lebre ao espertalhão do Sócrates. Tudo isto originou acusações
mútuas e feias entre PSD e PS, “podridão” e “baixa política”, que derrotam qualquer
esperança de consensos. A política está tão rasteira em Portugal que fala
sempre o roto do mal remedado, quando, a nível do PS e PSD, há muita gente com
rabos-de-palha e corrupta.
Eram estes rabos-de-palha que o PSD deveria ter
evitado chamar para o governo. Deveria primeiro apreciar o cadastro. E embora o
caso de Machete não tenha a gravidade do anterior, sempre fica alguma nódoa:
comprar no BPN acções a um euro, quando o normal era 2.5 (tal qual aconteceu
com Cavaco Silva e filha), configura no mínimo um favor, ainda que o banco
necessitasse da mãozinha de figuras de proa para a publicidade.
Se há um novo ciclo, não se nota e as
comunicações (malditos breefings) do governo ao país não têm o efeito desejado.
Só têm servido para mostrar fraquezas. Que raio, esqueçam essa espuma que,
mesmo assim, só lhes têm dado banhadas, sem qualquer ganho.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de ... de Agosto de 2013