terça-feira, 27 de agosto de 2013

OS VIOLINISTAS DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL

Ficou para a história como sendo verdade e a cena de um filme imortalizou a situação: enquanto o Titanic se afundava, os violinos da orquestra do imponente salão de baile do paquete continuavam a valsa, impávidos, serenos.

Por algum motivo esta cena ocorre-me quando leio no Expresso que o Tribunal Constitucional funcionará a meio-gás para decidir uma das mais - senão a mais - importantes leis para o futuro do país: a que diz respeito à requalificação da Função Pública. O mesmo, aliás, acontece com outra lei menos importante, mas muito significativa: a das candidaturas autárquicas.

Podemos ter sobre as leis em causa a opinião que preferirmos. Mas há uma opinião que, penso, o país comunga: o Tribunal - a ser verdade o que se diz na notícia - não está à altura das suas responsabilidades.

Pessoalmente interrompi duas vezes (que me lembre) as férias por um imperativo de consciência: aquando do incêndio do Chiado e no dia 11 de setembro de 2001. Em nenhuns dos casos a minha ação era indispensável, em nenhum dos casos me chamaram. Mas em qualquer dos casos, todos os jornalistas eram poucos para tentar contar o que se passou com o maior rigor possível. Para estar presente no centro da informação.

Os nossos juízes, pelos vistos, preferem outra forma de ser. É mais distendida. Pagam-lhes para julgar e têm direito a férias. Sete deles chegam bem para o trabalho que costuma ser de 13; e quatro podem fazer maioria e alterar a vida do país.

Nada, mas mesmo nada, lhes altera as rotinas. 

São como os violinistas do Titanic...

Retirada daqui