
Os políticos portugueses são fracos.
A afirmação terá uma pitada de populismo, mas nem por isso será menos verdadeira. Só por serem fracos se percebe a febre da procura de apoios entre gente de nome sonante que antecede qualquer eleição.
Como se o candidato só adquirisse credibilidade por interposta pessoa, de preferência de fora da política. O panorama, que já é mau quando se trata de eleições legislativas, torna-se opressivo em caso de eleições autárquicas. É preciso encontrar nomes sonantes que credibilizem milhares de candidatos.
Como se o candidato só adquirisse credibilidade por interposta pessoa, de preferência de fora da política. O panorama, que já é mau quando se trata de eleições legislativas, torna-se opressivo em caso de eleições autárquicas. É preciso encontrar nomes sonantes que credibilizem milhares de candidatos.
A relativa escassez faz com que a febre se transforme numa guerra, com uns quantos e caricatos episódios de nomes sonantes apresentados por mais do que um candidato à mesma câmara, ou nomes sonantes que apoiam candidatos de origens partidárias diversas, consoante a terra onde nasceram, vivem ou trabalham, ou seja, consoante os interesses que precisam de defender nas terras onde nasceram, vivem ou trabalham.
Enfim, já se sabe que a vida está difícil para todos, incluindo para alguns nomes sonantes. E se os políticos aproveitam os nomes sonantes, não se vislumbra razão para os nomes sonantes não se aproveitarem dos políticos.
Em todo o caso, e apesar da praga de nomes alegadamente sonantes com que os candidatos autárquicos, nomeadamente os que disputam a Câmara do Porto, atropelam os cidadãos alegadamente eleitores, presumia-se que Portugal era uma República. Ou seja, presumia-se que os nomes sonantes representariam um valor próprio, a transmitir ao candidato. Ora, isso seria demasiado linear. Há sempre um candidato capaz de inovar, mesmo em matéria de nomes sonantes. A honra cabe, desta vez, a Luís Filipe Menezes.
Então é assim. Na cidade do Porto há um ilustre arquiteto de nome Álvaro Siza. Já ganhou um prémio Pritzker - que o vulgo designa como o Nobel da Arquitetura -, é respeitado, admirado e até endeusado um pouco por todo o Mundo. Um nome verdadeiramente sonante. Credibilidade garantida para qualquer candidato. Até além-fronteiras.
Problema: Álvaro Siza, quando aparece a apoiar algum candidato, opta quase sempre pelo candidato comunista mais à mão. Ora, Luís Filipe Menezes, não obstante pretender cativar eleitores de todos os quadrantes, tem o pequeno defeito de ser o candidato da Direita.
Para tudo há um remédio e a candidatura de Menezes decidiu, assim, publicitar o apoio, não de Siza, mas do filho de Siza. Não do prémio Nobel da Arquitetura, mas do filho do Prémio Nobel da Arquitetura. Não do Arquiteto, mas do arquiteto [a caixa alta e baixa é propositada mas não depreciativa].
É o retomar de velhos e bons costumes monárquicos, que presumiam que a boa estirpe e portanto o bom nome se transmitiam pelo sangue. Menezes é o primeiro candidato a garantir um fidalgo - aglutinação de filho de algo - como apoiante. A coisa promete.
Retirada daqui