Não gosto de grandes ou meias
greves.
Não pelos motivos em si que podem ser justos, lubrificados com fervente
demagogia, mas pelos prejuízos que causam a terceiros, que até querem
trabalhar, precisam de trabalhar.
Então os piquetes, ditatoriais, cheiram a
bafio A última que, com as CGTP e UGT juntas e a esquerda unida, prometia
arrasar o governo, ser a grande manif, parar o país, ficou-se pelo meio.
Um fracasso. Os próprios dirigentes disseram números tão díspares e disparatados como 90% e 50% de adesão, trabalhadores do Estado, alguns privados distraídos, empresas púbicas (EP), sobretudo de transportes, que dão farto prejuízo, mas cujos gestores ganham balúrdios.
Um fracasso. Os próprios dirigentes disseram números tão díspares e disparatados como 90% e 50% de adesão, trabalhadores do Estado, alguns privados distraídos, empresas púbicas (EP), sobretudo de transportes, que dão farto prejuízo, mas cujos gestores ganham balúrdios.
A CP é um desses casos. Só de juros paga mais
de 200 milhões, enquanto as EP duplicaram as dívidas entre 2007 e 2012. Quem
paga? Nós. Ou fizeram falta muitos professores, na sequência do acordo com o
governo para resolução de problemas antigos. Ou o povo também já não acredita
tanto nos sindicatos e na rua. Ou as greves banalizaram-se. Não podemos ser um
país de greves. Deixe-se trabalhar quem quer trabalhar.
Claro que o protesto é
legítimo. O governo é um poço de austeridade e consegue esta coisa espantosa:
apesar de todos os impostos e taxas, o défice continua a subir. Faz asneiras
(menos no caso da aprovação no Parlamento de 8 das 10 medidas do PS, constantes
de um pacote para combater o desemprego e ajudar a desbloquear verbas para as
PMEs), mas os sindicatos também não criam um posto de trabalho, a não ser para
alguns que apostam em viver a eles encostados. Mário Nogueira, da Fenprof, que
é professor, não dá aulas há mais de 20 anos.
A meia greve assim aconteceu,
não porque o governo tenha emendado a mão, alavancando a economia e criando
empregos, mas porque o povo não é assim tão burro como o governo ou os sindicatos
o querem fazer. Nem foi um período de tréguas, mas deu jeito ao governo. A
grande novidade foi a greve ter o apoio dos patrões, situação que deve levar o
governo a reflectir.
Se não fosse aquele grupo de mais de 226 pessoas a querer
bloquear a ponte 25 de Abril, nem se tinha dado pela polícia. Levavam algum
material para montar artefactos explosivos. Mas, coitados, foram todos
identificados, quando afinal iam para uma festa.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 4 de Julho de 2013