Luis Marques Mendes (LMM)
opinou no debate que a ACIB promoveu para comemoração dos 20 anos de fundação,
na última sexta-feira, no Espaço Inovação, que o governo não era, por vezes,
suficientemente corajoso e audaz para avançar com medidas para emagrecer o
Estado, a sofrer, desde há muito, de uma obesidade excessiva, devorando-nos
metade dos impostos e taxas, um monstro glutão, que, se já emagreceu pança de
elefante, continua a ser voraz e gastador.
Citou o caso flagrante e vergonhoso
de até hoje não ter extinguido uma única empresa pública, tão pouco o Parque
Escolar. E, se alguma vez, o tentou, logo esbarrou com interesses instalados, de
que o Estado continua refém, sem racionalização. São outro monstro, difícil de
derrubar.
É o sistema.
Acrescentaremos a esta falha, a falta de lucidez e de
sensibilidade, que agora estará a voltar. Passos Coelho terá acordado, talvez
um pouco tarde, para os pobres cujo número aumenta, mas isso não inibe que,
tendo o governo capitalizado o Banif com o nosso dinheiro, a sua representante
no Brasil não deixe de ganhar mais de 600 mil euros/mês.
Isto é um insulto, uma
ofensa, uma gorda nota de má gestão. Coragem foi ter demitido todos os gestores
das empresas públicas, ligados a contratos de alto risco com bancos agiotas -
os “swap”, seguros de crédito - (Carris, Metros de Lisboa e do Porto, CP e
STCP), com quem o governo renegociou a dívida, permitindo-lhe poupar 700
milhões. Mas o despedimento é pouco. Não há lugar a responsabilização, está
visto. São uns pingos de chuva que eles bem suportam.
Sobre o governo LMM tem esta
ideia (não só ele): é desequilibrado e alguns membros são incompetentes. Porém,
quanto ao futuro, mantém um certo optimismo, que procurou injectar, mas não
temos a certeza de o ter conseguido, com alicerces no passado em que superámos
todas as crises. Então, havia valores e líderes, esqueceu-se de dizer.
Como?
Alavancar a economia, agenda que deveria ter acompanhado a da terrível
austeridade, produzindo para o consumo interno europeu e exportando para outros
mercados.
Mas todos os desempregados quererão trabalho? Pelo que aconteceu com
o Alqueva que teve de recrutar trabalhadores no Leste, parece que não.
Sobre
isto, os sindicatos, silêncio absoluto.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 6 de Junho de 2013
