quinta-feira, 6 de junho de 2013

QUE FUTURO?


Luis Marques Mendes (LMM) opinou no debate que a ACIB promoveu para comemoração dos 20 anos de fundação, na última sexta-feira, no Espaço Inovação, que o governo não era, por vezes, suficientemente corajoso e audaz para avançar com medidas para emagrecer o Estado, a sofrer, desde há muito, de uma obesidade excessiva, devorando-nos metade dos impostos e taxas, um monstro glutão, que, se já emagreceu pança de elefante, continua a ser voraz e gastador

Citou o caso flagrante e vergonhoso de até hoje não ter extinguido uma única empresa pública, tão pouco o Parque Escolar. E, se alguma vez, o tentou, logo esbarrou com interesses instalados, de que o Estado continua refém, sem racionalização. São outro monstro, difícil de derrubar. 

É o sistema. 

Acrescentaremos a esta falha, a falta de lucidez e de sensibilidade, que agora estará a voltar. Passos Coelho terá acordado, talvez um pouco tarde, para os pobres cujo número aumenta, mas isso não inibe que, tendo o governo capitalizado o Banif com o nosso dinheiro, a sua representante no Brasil não deixe de ganhar mais de 600 mil euros/mês. 

Isto é um insulto, uma ofensa, uma gorda nota de má gestão. Coragem foi ter demitido todos os gestores das empresas públicas, ligados a contratos de alto risco com bancos agiotas - os “swap”, seguros de crédito - (Carris, Metros de Lisboa e do Porto, CP e STCP), com quem o governo renegociou a dívida, permitindo-lhe poupar 700 milhões. Mas o despedimento é pouco. Não há lugar a responsabilização, está visto. São uns pingos de chuva que eles bem suportam.

Sobre o governo LMM tem esta ideia (não só ele): é desequilibrado e alguns membros são incompetentes. Porém, quanto ao futuro, mantém um certo optimismo, que procurou injectar, mas não temos a certeza de o ter conseguido, com alicerces no passado em que superámos todas as crises. Então, havia valores e líderes, esqueceu-se de dizer. 

Como? Alavancar a economia, agenda que deveria ter acompanhado a da terrível austeridade, produzindo para o consumo interno europeu e exportando para outros mercados. 

Mas todos os desempregados quererão trabalho? Pelo que aconteceu com o Alqueva que teve de recrutar trabalhadores no Leste, parece que não. 

Sobre isto, os sindicatos, silêncio absoluto.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 6 de Junho de 2013