segunda-feira, 24 de junho de 2013

GRAÇAS A DEUS, O CDS EXISTE

A lição a tirar da prédica de Paulo Portas na apresentação das linhas gerais da moção que apresentará ao Congresso do CDS-PP é muito simples: o ministro dos Negócios Estrangeiros é, no sentido quase bíblico do termo, o nosso salvador

Sim, porque se ele não existisse, tudo o que hoje é mau em Portugal seria, simplesmente, horroroso.


Portas tem sido, diz ele, o freio das malfeitorias que Vítor Gaspar e Passos Coelho têm em mente para colocar o país - e os portugueses - nos carris. Portas, diz ele, tem sido a lufada de ar fresco que entra no Conselho de Ministros sempre que o ambiente fica perto do tóxico. Portas tem sido, enfim, a porta por onde se entrevê um futuro um pouquinho mais risonho. Graças a Deus, o CDS existe. Graças a Deus, o CDS existe porque Portas existe.

É fácil imaginar o julgamento que os dois superiores hierárquicos de Portas no Governo (Passos e Gaspar) terão feito sobre esta elucidativa demonstração de distanciamento político: eles são os polícias maus; Portas é o polícia bom. Não admira que, de vez em quando, andem todos à "cacetada".

De entre todas as propostas e proclamações políticas apontadas por Portas, apreciei particularmente o tempo que gastou com os fundos comunitários: 10 segundos! Trata--se, apenas, de um dos mais decisivos instrumentos ao dispor do Governo para reanimar a economia e reindustrializar o país, para usar o jargão em voga.

Sobre os fundos comunitários, Portas não disse se defende, ou não, a existência de programas regionais; se é a favor, ou não, da centralização das verbas do QREN; se aplaude, ou não, o esbulho de verbas que, ao abrigo do famigerado efeito de dispersão, são retiradas das regiões mais pobres e encaminhadas para as mais ricas; se concorda, ou não, com o esvaziamento de poderes das comissões de coordenação e desenvolvimento regional; se, enfim, Portas vê, ou não, os fundos comunitários como um potente meio para atingir um importante fim: a redução de assimetrias regionais e, por consequência direta, a reconstrução de um país mais equilibrado.

Tomo o caso do Norte para sustentar o ponto: a região tem funcionado como uma espécie de "região-colónia" que assiste placidamente à sangria dos recursos que lhe cabem de pleno direito. As consciências do Norte ergueram-se - e muito bem - para resolver o problema da Sociedade de Reabilitação Urbana, que valia 2,4 milhões de euros. Estarão disponíveis para ir agora à luta pelo reforço substancial da descentralização regional da gestão dos muitos milhares de milhões de euros de fundos estruturais? Ou acham que é melhor continuar a ser Lisboa a tratar do assunto? Como dizia o presidente do Conselho Regional do Norte numa carta aberta escrita na edição de 15 de junho do JN, "é tempo de dizer basta. Em nome do Norte. Mas, sobretudo, de Portugal".

Retirada daqui