A última semana foi de alta
tensão.
O povo vive nervoso, cinzento, afora os dias de Santo António, que já
foi e S. João, que vem aí.
Por vezes, também as manifestações com o seu lado
folclórico e colorido vermelho acabam por servir pelo menos para uma coisa:
reduzir o stress acumulado, a raiva silenciosa, o grito encravado na garganta.
Tensão, porque toda a esquerda e movimentos afins não gostaram nada do discurso de Cavaco no 10 de Junho, pois, em vez de demitir o governo, preferiu falar dos nabos e do salto da agricultura, rebatendo os que dizem que dela foi o “coveiro”. Tensão entre governo, que continua a explicar-se mal, e os sindicatos dos professores.
Tensão, porque toda a esquerda e movimentos afins não gostaram nada do discurso de Cavaco no 10 de Junho, pois, em vez de demitir o governo, preferiu falar dos nabos e do salto da agricultura, rebatendo os que dizem que dela foi o “coveiro”. Tensão entre governo, que continua a explicar-se mal, e os sindicatos dos professores.
Afinal, as 40 horas de trabalho não se destinam aos professores,
que já as cumprem, ora na escola ora em casa, disse Nuno Crato no domingo. Se
este cavalo da batalha dos professores tinha sido já derrubado, por que demorou
a anunciar esta coisa simples? O governo tem um mau relacionamento com a função
pública. Por burrice, falta de tacto, voltava a deixá-la em polvorosa, ao
anunciar que não iria pagar o subsídio de férias neste mês de Junho, mas em
duodécimos, o de Natal, sim, será em Novembro.
Ao menos, poderia o governo anunciar claramente os motivos e dizer que seriam
pagos em Julho para todos fazerem as suas contas. Desculpas de mau pagador. E,
se quer fazer crescer a economia, aqui estava uma boa razão. Há tanta, tanta
gente à espera dos subsídios, já não para fazer férias, mas para pagar débitos
de umas coisas e aquisição de outras.
Aqui Seguro tem toda a razão do seu lado:
“ se há dinheiro, paguem os subsídios, num momento de dificuldades não se
atrase aquilo que é devido”. Tensão também com os pensionistas, para o governo
incómodo fardo - vão sofrer um corte de 10%.
Bom e bonito mesmo foi ver a
presidente do Brasil vir às compras (CTT, Estaleiros de Viana), aos saldos, mas
nada de muito concreto.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 20 de Junho de 2013
