sábado, 22 de junho de 2013

ALTA TENSÃO


A última semana foi de alta tensão

O povo vive nervoso, cinzento, afora os dias de Santo António, que já foi e S. João, que vem aí. 

Por vezes, também as manifestações com o seu lado folclórico e colorido vermelho acabam por servir pelo menos para uma coisa: reduzir o stress acumulado, a raiva silenciosa, o grito encravado na garganta. 


Tensão, porque toda a esquerda e movimentos afins não gostaram nada do discurso de Cavaco no 10 de Junho, pois, em vez de demitir o governo, preferiu falar dos nabos e do salto da agricultura, rebatendo os que dizem que dela foi o “coveiro”. Tensão entre governo, que continua a explicar-se mal, e os sindicatos dos professores. 

Afinal, as 40 horas de trabalho não se destinam aos professores, que já as cumprem, ora na escola ora em casa, disse Nuno Crato no domingo. Se este cavalo da batalha dos professores tinha sido já derrubado, por que demorou a anunciar esta coisa simples? O governo tem um mau relacionamento com a função pública. Por burrice, falta de tacto, voltava a deixá-la em polvorosa, ao anunciar que não iria pagar o subsídio de férias neste mês de Junho, mas em duodécimos, o de Natal, sim, será em Novembro. 

Primeiro, Passos alegou não ter sido aprovada a lei, para poder fazê-lo, o que só acontecerá após aprovação do Orçamento Rectificativo. Além disso, não havia dinheiro, o que, pouco tempo depois, veio a ser negado por Gaspar, havia… Embrulhadas. Visto a frio, configura vingança, um mau perder com o Tribunal Constitucional. 

Ao menos, poderia o governo anunciar claramente os motivos e dizer que seriam pagos em Julho para todos fazerem as suas contas. Desculpas de mau pagador. E, se quer fazer crescer a economia, aqui estava uma boa razão. Há tanta, tanta gente à espera dos subsídios, já não para fazer férias, mas para pagar débitos de umas coisas e aquisição de outras. 

Aqui Seguro tem toda a razão do seu lado: “ se há dinheiro, paguem os subsídios, num momento de dificuldades não se atrase aquilo que é devido”. Tensão também com os pensionistas, para o governo incómodo fardo - vão sofrer um corte de 10%.

Bom e bonito mesmo foi ver a presidente do Brasil vir às compras (CTT, Estaleiros de Viana), aos saldos, mas nada de muito concreto.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 20 de Junho de 2013