quinta-feira, 13 de junho de 2013

A CRISE E A CHUVA


Portugal está como o tempo, descontrolado

Não há meio de chegar a primavera. E as chuvas até já são as grandes culpadas da estagnação, segundo V. Gaspar. 

Esta tirada ficará a fazer parte do anedotário nacional. 

Quis fazer gracinha, mas a coisa não teve piada; antes foi glosada e gozada na praça, numa semana em que alguém do FMI veio confessar erros no programa de ajustamento do défice da Grécia. 

E não houve erros cavalares no nosso ajustamento, se o nosso bom povo anda todo de língua de fora, enquanto muitos milhares andam para aí a cantar slogans de deita abaixo, a preparar um ror de greves? Gaspar também veio confessar erros, mas de uma proclamada lista, citou apenas um: “pensei que se poderia dar prioridade à consolidação orçamental e à estabilização financeira sem uma transformação estrutural profunda das administrações públicas”. Pensou mal, muito mal.

Quanto às greves, parece que há no país acesa disputa a ver quem  consegue derrubar o governo: a esquerda unida, com o braço do PCP armado de cartazes e bandeiras e gritos de fúria? A UGT e a CGTP unidas?  Os professores com as greves anunciadas aos exames e avaliações que têm gerado um diálogo de surdos entre o Ministério e os vários sindicatos cujos quadros vencem também como professores? O que eu não sabia é que os sindicatos recebem também milhões de euros do governo, não para bem usar, mas para partirem o prato. 

Se tanto se insurgem contra o governo por não assegurar o futuro aos jovens (mal), agora estes pouco os comovem, quando vão ficar nas suas mãos, nervosos, ao ver adiado o fim do ano lectivo, entrar em stress, em instabilidade emocional, jovens que agora o governo quer defender (e bem). Tanto uns, com greves constantes, como outros, carregando nos impostos, são hipócritas declarados. 

A greve é justificada, porque os professores, na sua maioria já trabalham mais de 40 horas (entre escola a casa) e há muito que estão em mobilidade, mas não é justa porque faz dos alunos seus reféns, causando-lhes muitos prejuízos.     Não valem apelos, os sindicatos são teimosos. Mas não é seguro que estas greves sejam de franca simpatia da maioria dos portugueses, sobretudo se são pais dos alunos. 

O governo tem de usar os meios legítimos e ponto final.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 13 de Junho de 2013