segunda-feira, 20 de maio de 2013

PARABÉNS, SR MINISTRO


Temos de tirar o chapéu a um ministro que gostava de ser tratado por Álvaro e que, durante demasiado tempo, andou escondido na enorme sombra de um outro que tem o  nome de rei mago,  mas de olhómetro fosco.  

Agora, já lhe foi permitido pôr na prática algumas ideias para ressuscitar a economia, há muito em estado de coma induzido: baixar o IRC para cativar investidores estrangeiros e, a partir de 1/10, acabar com o pagamento por conta do IVA para empresas com uma facturação inferior a 500 mil euros. Mas há uma que nos merece especial simpatia. 


Uma coisa tão simples como esta: “as empresas públicas, os institutos e os organismos da órbita do Ministério da Economia irão deixar de ter carros e motoristas para todos os vogais e presidentes da Administração”. E deu outro exemplo de bom trabalho: já reduziu no seu ministério em 500 o número de dirigentes, fundindo 24 entidades”, com o objectivo de criar condições para baixar a carga fiscal.

Para dar exemplo, os cortes deveriam ter começado por aqui, por cima. Há dois anos Um bom exemplo para Passos Coelho e Cavaco que têm demasiados motoristas às ordens, e Passos um enxame amestrado de assessores, alguns imberbes, que nada sabem da vida. Inúteis, mas bem pagos. alguns. 

Aliás, os políticos, incluindo ministros e deputados deveriam deslocar-se em transportes públicos. Como acontece em Inglaterra. Ficavam mais baratos, davam um belo exemplo e poluíam menos. Há políticos a poluir demasiado o país, uns com slogans e vãs promessas, outros fazendo dos pobres lixo. Agora até nos sobrevoa uma nuvem negra: a possibilidade do governo ratar nos depósitos o que vai além dos cem mil euros. Anda tudo doido na Europa.

Também assim deveriam proceder os juízes do Tribunal Constitucional, que irão ter, em breve, mais trabalho por causa das taxas sobre as pensões dos reformados da CGA, andando nos transportes públicos, prescindindo das “brutas bombas” que bem caras nos ficam e muito poluem a capital de um reino à deriva. 

E como todos estes, tanta outra gente. Como todos os gabinetes e apêndices de todos os outros ministérios. Sabemos que são “direitos adquiridos” que ninguém quer largar de mão, mas que diabo: se há moral, todos têm de pagar a crise, até a do governo, com seus desvarios.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 16 de Maio de 2013