quinta-feira, 2 de maio de 2013

O CONGRESSO E O RESTO


O PS, no seu Congresso, pôs toda a carne a assar, aproveitando não só para mostrar que está unido, mas sobretudo que está preparado para governar

Aliás, o partido não faz outra campanha senão a de eleições e a do contra  tudo quanto o governo faça. Sempre clamou o PS, e justamente, que austeridade, sim, mas acompanhada de medidas de ordem económica, para estancar o desemprego e travar a pobreza em que o país se encontra, onde a esperança é flor estiolada cada vez mais. 


Algumas medidas foram anunciadas, mas não esmiuçadas. O PS menorizou. É evidente pelo menos uma coisa: dinheiro haverá, mas resta saber quem vai investir e em que ramo. Outra verdade é óbvia: quem não o vai fazer são os sindicatos, o PC, o BE, que fazem do desemprego a sua maior bandeira.

O Congresso na Feira foi também o melhor palco para atacar o discurso de Cavaco no 25 de Abril, convencidos que a salvação do país só chegará com o seu cavalo, passando uma esponja vergonhosa por um passado recente de regabofe em todos os sentidos. Dizendo esta anódica coisa: Seguro tem mais influência na Europa do que Passos e Gaspar. Não se sabe onde: se em França ou na Alemanha. Talvez em Nenhures. 

O discurso do PR pode merecer toda a espécie de críticas (sempre subjectivas), falar-se de imparcialidade, de não puxar as orelhas a Passos e seus pares. Mas disse o óbvio, o expectável. Fez um enorme apelo aos consensos, à estabilidade política, esconjurou eleições antecipadas, o desejo e sonho máximo dos socialistas, pôs-lhes água na fervura, deixou tudo mais claro. 

Quem pensou que fizesse o contrário, enganou-se redondamente. A sanha contra Cavaco, no início, violenta, foi amaciando no decurso do evento, marcado pela unidade, vá lá saber-se porquê.

Apesar de certa luta entre Portas, aproveitada pelo PS a seu favor, para falar de “um governo sem rumo e apodrecido” e Gaspar (teimoso como o que não dizemos), não haverá a desejada ruptura a nível da coligação, na opinião de Marcelo. 

Gaspar teima em ir buscar dinheiro às pensões e salários e Portas diz que nunca assinará. Tem razão como muitos sociais-democratas. Mais cortes cegos, não!

O Congresso serviu ainda para o pior: cavar mais fundo a ruptura entre os partidos do arco do poder, foguear as crispações já reinantes. 

Há demasiado tempo.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 2 de Maio de 2013