terça-feira, 21 de maio de 2013

ERA UMA VEZ...

TRÊS ESPIGAS
Três espigas encontram-se à beira da mesma mó. Uma de centeio, outra de trigo e a terceira, uma grande espiga de milho

Todas muito antipáticas umas para as outras. 

Dizia o trigo para o centeio: 
- Chega-te para lá, centeio centeiaço 
que tu não fazes 
as funções que eu faço. 


Ao que o centeio lhe respondia: 
- Cala-te lá, trigo espadanudo 
que tu não acodes 
ao que eu acudo. 

Mas o espigão de milho era o mais ralhão: 

- Caluda! Tudo caluda! 
Vocês não são 
como eu graúdas, 
vocês não são 
como eu barbudas, 
vocês não são 
como eu folhudas, 
vocês não são 
como eu rabudas. 

Calem-se lá, espigas miúdas 
suas choninhas, suas lingrinhas, 
suas fuinhas, caras bicudas, 
comigo não fazem vocês farinha! 

As outras iam para responder, mas a mó pôs-se a trabalhar... 

E não é que a farinha delas e de outras mais, de centeio, de trigo e milho, foi parar a uma padaria - veja-se a coincidência! - especializada, precisamente, em belos pães de mistura? 

Provei um, ainda quente, barrado com manteiga. Estava óptimo!

António Torrado e Cristina Malaquias, retirada daqui