1. O país não tem emenda.
Veja-se o que se passou com o
triste caso da Casa Pia. Uma primeira notícia dava como coisa certa que Carlos
Cruz e os outros três arguidos iam mesmo bater com os ossos na cadeia. O
acórdão do Tribunal Constitucional (TC) havia rejeitado os recursos dos
arguidos.
O povo disse até que em fim, já não era sem tempo, e Catalina Pestana
mostrou-se triste.
A Justiça fora lenta para burro (10 anos) e deixou uma nota de esperança: ver o país com uma justiça igual para os ricos e para os pobres. Quem tiver dinheiro e bons advogados, regra geral, está safo, por maior que seja o crime.
A Justiça fora lenta para burro (10 anos) e deixou uma nota de esperança: ver o país com uma justiça igual para os ricos e para os pobres. Quem tiver dinheiro e bons advogados, regra geral, está safo, por maior que seja o crime.
O pobre que rouba um chocolate ou um pão para matar a fome de um
filho, é condenado quase na hora, não há recursos, prazos dilatórios. Tenho
pena de Catalina e dos seus meninos. Afinal, pode o desfecho vir a ser outro. É
que, passado pouco tempo, os juízes do TC vieram dizer como Carlos Cruz, depois
de preso, poderá pedir a revisão da condenação, levando em conta os desmentidos
públicos do Bibi e outras duas testemunhas que “estavam dependentes de droga…
manobras para trazer mais confusão ao processo” (Catalina – JN).
2.Numa altura em que os descarrilamentos na CP têm sido
constantes, o governo também vai descarrilando.
Desta vez, veio,
atabalhoadamente, retomar a ideia do TGV, que rejeitara em campanha, em voz
alta. Se o que ontem era mau e hoje é bom revela falta de coerência e a forma
de anunciar foi surrealista. Primeiro, era de alta velocidade entre Lisboa e
Madrid, quase no seu todo pago pela Europa; depois, já não era bem isso, mas
apenas uma Linha de Transporte de Mercadorias (LTM) entre Sines e Badajoz, de
bitola europeia, mas já ninguém sabia de onde vinha o dinheirinho. Vamos ficar
pela LTM.
Como se já não bastasse o caso (bem evitável) do secretário
Frankelim, cujo currículo teve várias versões.
Aos 16 anos já era auditor
júnior. Foi uma semana tomada por este caso. O seu currículo (não se sabe como
ou sabe-se?) foi censurado quanto à sua a passagem pelo tóxico BPN, o pior
símbolo de compadrios, cunhas, favores, corrupção, dinheiro sem rasto e roubo.
BPN,
que, vendido ao BIC, continua a sorver-nos dinheiro.
Mais de mil milhões.
Nosso.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 14 de Fevereiro de 2013