domingo, 17 de fevereiro de 2013

FEIO CIRCO


1. O país não tem emenda

Veja-se o que se passou com o triste caso da Casa Pia. Uma primeira notícia dava como coisa certa que Carlos Cruz e os outros três arguidos iam mesmo bater com os ossos na cadeia. O acórdão do Tribunal Constitucional (TC) havia rejeitado os recursos dos arguidos. 

O povo disse até que em fim, já não era sem tempo, e Catalina Pestana mostrou-se triste.


A Justiça fora lenta para burro (10 anos) e deixou uma nota de esperança: ver o país com uma justiça igual para os ricos e para os pobres. Quem tiver dinheiro e bons advogados, regra geral, está safo, por maior que seja o crime.

O pobre que rouba um chocolate ou um pão para matar a fome de um filho, é condenado quase na hora, não há recursos, prazos dilatórios. Tenho pena de Catalina e dos seus meninos. Afinal, pode o desfecho vir a ser outro. É que, passado pouco tempo, os juízes do TC vieram dizer como Carlos Cruz, depois de preso, poderá pedir a revisão da condenação, levando em conta os desmentidos públicos do Bibi e outras duas testemunhas que “estavam dependentes de droga… manobras para trazer mais confusão ao processo” (Catalina – JN).

2.Numa altura em que os descarrilamentos na CP têm sido constantes, o governo também vai descarrilando. 

Desta vez, veio, atabalhoadamente, retomar a ideia do TGV, que rejeitara em campanha, em voz alta. Se o que ontem era mau e hoje é bom revela falta de coerência e a forma de anunciar foi surrealista. Primeiro, era de alta velocidade entre Lisboa e Madrid, quase no seu todo pago pela Europa; depois, já não era bem isso, mas apenas uma Linha de Transporte de Mercadorias (LTM) entre Sines e Badajoz, de bitola europeia, mas já ninguém sabia de onde vinha o dinheirinho. Vamos ficar pela LTM. 

Como se já não bastasse o caso (bem evitável) do secretário Frankelim, cujo currículo teve várias versões. 

Aos 16 anos já era auditor júnior. Foi uma semana tomada por este caso. O seu currículo (não se sabe como ou sabe-se?) foi censurado quanto à sua a passagem pelo tóxico BPN, o pior símbolo de compadrios, cunhas, favores, corrupção, dinheiro sem rasto e roubo. 

BPN, que, vendido ao BIC, continua a sorver-nos dinheiro. 

Mais de mil milhões. 

Nosso.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 14 de Fevereiro de 2013