Na semana passada, Passos foi
entrevistado, tendo-se desenvencilhado relativamente bem dos entrevistadores,
Nuno Santos e Judite de Sousa, cujo esquisito arranjo do cabelo logo deu ar de
uma certa ferocidade, (lembram-se das melosas entrevistas a Sócrates?).
Para
além das más notícias (aí nunca mente…) só cometeu um lapso ao dizer que o
ensino acabaria por ser pago, o que obrigou o ministro Nuno Crato vir defender
o contrário, logo no outro dia, e a permitir a Seguro, que está cada vez mais
demagogo, arrufar que Passos e Crato se entendessem. Nisto tem toda a razão.
Por sentir-se culpado de deixar o país de tanga ou porque se perfila
como possível candidato à presidência da República, não se sabe, teve pelo
menos a coragem que não têm Mário Soares que, sendo um dos grandes
beneficiários do regabofe, se tivesse vergonha, deveria estar calado e agora
grita porque vê inseguras algumas benesses, Cavaco, Durão Barroso, Santana
Lopes, Sócrates, um naipe de governantes muito distraídos, obcecados pela
luxúria dos gastos e das obras megalómanas, uns mais do que outros.
Do Orçamento para 2013, como
já é notório e segundo Passos na entrevista, não ressalta nada de bom. É só
fava. Estamos a ver que nenhum político nos salva, se não for cada um de nós a
contribuir para nos safarmos da bancarrota. E muito menos com a Esquerda que
ainda vive na ilusão do brilho de rubros sóis.
O PCP e o BE têm ganho nas ruas
com a crise social, foi sempre assim, enquanto o PC ainda mantém a cassete
roufenha de há meio século. Ambos gritam Portugal fora do Euro (não sei onde
querem ir buscar o dinheirinho para viver), defendem a queda do governo, dizem
o Orçamento inconstitucional.
Carreira das Neves, esse é de opinião que
muitas famílias já fizeram o seu ajustamento à crise, mudando de vida e vivendo
com o que têm. Só o governo é que em muita coisa ainda não, como a reforma
profunda de um Estado, esbanjador e perverso.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 6 de Dezembro de 2012
