segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O TAL DO.

O tal do amor é uma coisa que faz doer. Quase sempre. 


Dói o vazio enquanto não chega e o que fica depois que se vai embora.

Dói bem quando as cócegas são na barriga e quando o coração dispara porque as mãos não sabem onde pousar sossegadas.


Dói na espera. Na ausência.

Dói ainda mais quando tanta coisa o atrapalha. E quando tão tolo se deixa atrapalhar por isso.
O tal do amor devia ser banido. Ou então devia ficar para sempre. Onde deve ser, quieto no colo para nos levar sempre tão longe.

O tal do amor precisa de saber que é isso. O tal do amor.

Aquele. Sim, esse. O tal. À séria.

O tal que chega sem pressas de chegar porque sabe que vem sempre atrasado a horas.

O tal que fica quando tudo desaparece. Mesmo quando tudo desaparece.

O que guardamos apertado entre os dedos mesmo quando eles tremem. O que nunca esquecemos mesmo quando a memória nos falha.

Esse, o tal. O tal que espera por nós quando o dia cansa, quando a noite não descansa e quando o ontem não interessa.

O tal do amor que é já ali, num amanhã que existe hoje já. 

Cristina Gameiro, aqui