As dividas são para serem pagas, não perfilho da opinião que se lixe a
troika.
Todos nós sabíamos que estes seriam anos difíceis, complicados,
mas, quando optamos mudar, acreditamos e confiamos que o atual governo
seria ágil em obter soluções dinâmicas, originais e positivas para o país.
De certa forma não estranhamos o emaranhado politico escolhido para as
diferentes pastas, porque estávamos convictos que realmente ia ser
diferente.No fundo qualquer pessoa com a escola da vida saberia cumprir á
risca um conjuntos de pressupostos económicos exigido pelos credores.
Qualquer Português nesta altura do campeonato é um economista de topo,
porque a razão do povo, tão desprezada pelos políticos, tem dado forma a
este estado de mal viver.
Eu acreditei. Confesso. Acreditei
que tínhamos um grupo de pessoas experientes, muitas vindas de outros
quadrantes, para dar cor e novas formas politicas a tais pesadas
obrigações exigidas pela troika. Acreditei que mais que cumprir,
saberíamos dar a volta ao texto, numa gincana criativa e que acima de
tudo saberíamos impor o nosso fado ao ritmo deste modo de viver. Sim,
porque não são esses senhores que moram lá na casa do amigo mais velho,
que conhecem o nosso tecido empresarial, o nosso povo, os nossos
costumes. Gerir um pais não é gerir uma padaria, e mesmo nem todas as
padarias são iguais, por alguma razão a economia é uma ciência humana,
da qual os meus conhecimentos, confesso, são escassos.
Depois
de ouvir o nosso primeiro ministro fiquei triste, não como o Ronaldo,
mas como mãe de família, não como primeiro ministro pai, mas como cidadã
meramente contributiva, senti-me reduzida a isso, como se estivesse a
viver nos tempos feudais.
Senti em primeiro lugar que tinha votado
num homem com um defeito que eu detesto, burrice e isso não me perdoo,
porque só um burro se enche de chico espertice na forma como anunciou
tais medidas, só um burro acha que as mesmas servem para aumentar
emprego e só um burro tem a insensibilidade de se recolher num
espetáculo publico, quando em casa dos seus cidadãos estavam a traduzir
tais argumentos em dinheiro.
Resolvi naquele imediato momento
que só voltaria a votar quando me respeitassem, até lá votaria sempre em
branco, resolvi que era injusto, insensato e imoral reduzir salários
mínimos, porque estes já são mínimos salários, resolvi tudo, naquele
momento. Olhei para os meus dois filhos com o coração cheio de fados
portugueses, a achar que esta é uma nação que ainda vale a pena, mas que
aquela gente, tal como a gente dos mercados, não me serve. Nunca me
serviu. Portanto doravante tenho em mim uma vontade enorme de exigir que
algo mude, porque as nossas crianças não merecem este descalabro,
exijo-me a intervir construtivamente, a gritar, a louvar, a denunciar, a
trabalhar, a ajudar, porque este país também é feito por mim e para
mim.
Resolvamos fazer qualquer coisa, por nós pelos os outros,
desabafemos em honra do 25 de Abril e lembremo-nos que “As vozes de
burro não chegam ao céu”.
Patrícia Sá Carneiro, aqui