sexta-feira, 7 de setembro de 2012

QUEM NÃO QUER SER LOBO, NÃO LHE VISTA A PELE

Quem acompanha a cobertura dada pela comunicação social, percebeu que este ano foi a primeira vez que foi utilizada a bitola das ‘centenas’ em vez da useira e vezeira que ano após ano alude aos ‘milhares’ para se referir à afluência do público presente na passagem da Volta a Portugal em Bicicleta pelo concelho de Oliveira do Bairro.


O que daqui se conclui é que, afinal, este evento que não arrasta atrás de si aqueles 'banhos de multidões' que ainda há poucos anos alguns insistiam em fazer crer que estavam presentes em Oliveira do Bairro, mas que ninguém via.



E a explicação é até muito simples: o que motiva essa presença de público, não é tanto o gosto pela modalidade, mas o gosto pelo boné ou pela t-shirt, pela esferográfica ou por qualquer outro brinde publicitário que os patrocinadores das equipas participantes distribuem no evento à mole, algumas vezes imensa, de gente anónima que tem por hábito estar presente nestes ‘circos’.


Basta, aliás, ver o que aconteceu com a passagem pelo concelho da 20ª Volta a Portugal do Futuro, que teve uma partida chegada (anteontem) e uma partida (ontem) junto aos Paços do Concelho, para perceber que não constitui verdade absoluta que o verão de 2012 fique definitivamente associado ao ciclismo no concelho de Oliveira do Bairro, como não se confirma de forma alguma que o concelho viva a aposta no ciclismo num crescendo de afluência e entusiasmo.


Do ponto de vista da adesão a este tipo de iniciativas, o que se entende dever ser a atitude de um município disponível para o mediatismo inerente ao recebimento de uma partida ou chegada de etapa da Volta a Portugal em Bicicleta no concelho, é a que consubstancia uma visão estratégica que em si mesma alcance o objectivo de divulgar convenientemente e engrandecer condignamente o nome do seu concelho.


Importa recordar que a passagem da Volta a Portugal em Bicicleta pelo concelho de Oliveira do Bairro nos anos de 2011, 2012 e 2013 custa ao cofre municipal a módica quantia de 180.000,00 €, sobre a qual acresce IVA!


E para quem pensava que em 2012 o objectivo da passagem da Volta a Portugal pela cidade e concelho de Oliveira do Bairro, tinha sido o da divulgação e engrandecimento do nome da nossa terra, o que há a concluir é que tais objectivos foram absolutamente frustrados.


De facto quem, sendo de fora assistiu, no dia 17 de Agosto, ao programa 'Verão Total' pela televisão que foi transmitido na RTP 1 entre as 10.00h e as 13.00h, acabou por não perceber, sequer, que critérios foram utilizados para a realização das reportagens gravadas ou para as presenças em directo; quanto à animação, veio a saber-se mais tarde que o espectáculo preparado pela Escola de Artes da Bairrada foi considerado inadequado pela produção do programa televisivo, que em seu lugar optou por dar voz a músicos e a grupos que, independentemente da sua qualidade, provavelmente nem sequer conhecem o concelho de Oliveira do Bairro, e por isso mesmo não o divulgaram e não o promoveram!!!


Quanto ao resto quem, sendo de fora, viu o programa pela televisão, continuou sem saber que são naturais do concelho de Oliveira do Bairro grandes personalidades, algumas de renome mundial e felizmente ainda vivas como o Professor Doutor Arsélio Pato de Carvalho, especialista na área da fisiologia celular e da neurobiologia (a quem S. Exª o Senhor Presidente da República impôs a Ordem Honorífica de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique), o Professor Doutor Milton Costa, especialista de renome mundial na área da microbiologia, ou a Drª Ilda Figueiredo, deputada europeia desde 1999, e outras já falecidas como Arlindo Vicente, candidato que na vigência do Estado Novo abdicou da sua candidatura à Presidência da República em favor de Humberto Delgado, António de Cértima ou Padre Acúrcio, só para citar alguns.



Quem, sendo de fora, assistiu ao dito programa pela televisão, também nada viu que tenha sido feito pela câmara municipal enquanto membro de pleno direito da Associação da Rota da Bairrada, para ampliar a diversidade da oferta turística local, como ainda hoje se perguntará o que é que nesse programa televisivo foi feito para incutir nos responsáveis, não de apenas de uma mas do tecido industrial concelhio no seu todo, a confiança que em si deposita a autarquia com vista à viabilização do fortalecimento e melhoramento do seu desempenho.



É por isso que, sendo tão alto o custo da publicidade televisiva, ninguém percebe porque é que essa publicidade não reverteu em favor da indústria concelhia no seu todo, mas de forma incompreensivelmente exclusiva em favor de uma empresa cerâmica e de um restaurante!


Afinal, pode muito bem ter sido esta a razão pela qual no dia da transmissão televisiva era possível ouvir nas imediações da biblioteca municipal, alguns munícipes do concelho a dizer que a visibilidade dada a uma certa empresa no programa televisivo, servia para pagar em dobro ou em triplo, o combustível com que é anualmente abastecida a viatura que o senhor presidente da câmara utiliza indistintamente em deslocações ao serviço do município ou do grupo económico em cujas empresas mantem cargos de administração!


Não obstante a alusão a este dito propagado pela vox populi, feita na última reunião do executivo municipal de Oliveira do Bairro, a mesma não mereceu qualquer comentário por  parte do visado; para além disso, em em relação à omissão desta questão na respectiva acta, cumpriu-se o já habitual no pasa nada.


Como diria o inefável diácono Remédios,num habia nexexidade! ou, dito de outro modo, quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele!