Os caminhos trilhados não
estão a levar-nos ao resgate, mas para o desgaste psicológico, para o cansaço
de ser português (“fadiga fiscal”, segundo Adriano Moreira), usados e abusados
por um Estado que, vê-se, não é pessoa de bem, mas, por vezes, assume o papel
de salteador, tipo Zé do Telhado, mas ao contrário (esse roubava aos ricos para
os pobres).
Por sua vez, a União Europeia que perdeu o tino, não encontra
soluções para a crise, mas concede benesses aos altos funcionários: com 50 anos,
têm direito a uma reforma de 9 mil euros/mês.
Sacrifícios já bastam os receitados,
aceites pelo PS, que, tão forte e exigente agora, na altura nem piou. Estendeu
a mão. Mais sacrifícios não, é o recado de Cavaco: “mais austeridade só
eventualmente para aqueles que até ao momento não sofreram sacrifícios”. Ele
sabe que há imensas excepções. Talvez até alguns amigos não tenham ainda
contribuído para o peditório.
O país está cheio de gritantes desigualdades, de
excepções. Com a cumplicidade também deste governo (uma das suas falhas graves).
Para além das dificuldades em meter o regime nos eixos, romper com os lobbies,
matar os polvos criados, acabar de vez com o compadrio, ser rigoroso ao
milímetro e transparente ao segundo, consente excepções. Exemplo: o governo
pagou este ano subsídios de férias a 131 assessores, o que também aconteceu com
funcionários de outros serviços e tanta outra gente.
Passos defendeu-se,
dizendo que se trata de gente que entrou na 2ª. metade de 2011 e são direitos
adquiridos. Pode ser verdade, mas já ninguém acredita.
Também as pensões dos
reformados são direitos adquiridos e vê-se o esbulho…
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 6 de Setembro de 2012