domingo, 9 de setembro de 2012

A COISA SÓ PIORA


Os caminhos trilhados não estão a levar-nos ao resgate, mas para o desgaste psicológico, para o cansaço de ser português (“fadiga fiscal”, segundo Adriano Moreira), usados e abusados por um Estado que, vê-se, não é pessoa de bem, mas, por vezes, assume o papel de salteador, tipo Zé do Telhado, mas ao contrário (esse roubava aos ricos para os pobres)

Por sua vez, a União Europeia que perdeu o tino, não encontra soluções para a crise, mas concede benesses aos altos funcionários: com 50 anos, têm direito a uma reforma de 9 mil euros/mês.

“Governados” pela Troilka, não conseguimos dar o salto, melhorar com a receita, desfasada Kms da realidade. De exame em exame, a coisa só piora. Agora, o défice já vai nos 6,9, o que indicia necessidade de medidas adicionais. Há muita gente a gritar que é culpa do governo, que é necessário dar mais tempo, renegociar. Pensamos que os erros da receita pertencem à Troika e será ela que deve reconhecer que falhou e emendar a mão, quanto mais rápido melhor. 

Sacrifícios já bastam os receitados, aceites pelo PS, que, tão forte e exigente agora, na altura nem piou. Estendeu a mão. Mais sacrifícios não, é o recado de Cavaco: “mais austeridade só eventualmente para aqueles que até ao momento não sofreram sacrifícios”. Ele sabe que há imensas excepções. Talvez até alguns amigos não tenham ainda contribuído para o peditório. 

O país está cheio de gritantes desigualdades, de excepções. Com a cumplicidade também deste governo (uma das suas falhas graves). Para além das dificuldades em meter o regime nos eixos, romper com os lobbies, matar os polvos criados, acabar de vez com o compadrio, ser rigoroso ao milímetro e transparente ao segundo, consente excepções. Exemplo: o governo pagou este ano subsídios de férias a 131 assessores, o que também aconteceu com funcionários de outros serviços e tanta outra gente. 

Passos defendeu-se, dizendo que se trata de gente que entrou na 2ª. metade de 2011 e são direitos adquiridos. Pode ser verdade, mas já ninguém acredita. 

Também as pensões dos reformados são direitos adquiridos e vê-se o esbulho… 

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 6 de Setembro de 2012