O assunto não é novo (há meses um leitor desta coluna queixou-se
que não tinha quem lhe apanhasse azeitona e fruta no Alentejo) mas
confirma o "aburguesamento" da sociedade portuguesa.
Segundo o jornal, os mais novos não
aceitam este trabalho porque não querem começar às 6h da manhã e os
desempregados também não estão para aí virados...
É nestas
alturas que nos questionámos que tipo de sociedade estamos a criar. Quem
não tem trabalho devia estar disponível para este, ou outro, tipo de
tarefa (que ainda há duas décadas era feito por estudantes). Sobretudo
os desempregados da área geográfica onde aparecem estas ofertas de
trabalho.
As vindimas (e a apanha de fruta e azeitona) não são trabalho
permanente? E não são trabalho digno? Colocar desempregados a fazer
estas tarefas não aliviaria a pressão sobre o orçamento da Segurança Social,
ainda que durante alguns meses? E não ajudava a manter pessoas
ocupadas, mantendo o seu esforço para reentrar no mercado de trabalho,
nas áreas da sua preferência? É óbvio. Mas o que é óbvio para uns não é
para sindicatos e partidos (lembram-se da reacção de Francisco Louçã
quando se decidiu colocar beneficiários do RSI a prestar serviço à
comunidade?), que com os seus preconceitos condicionam a acção dos
governos.
Portugal está como a França dos anos 60 e 70, que importava "porteiras" e trabalhadores de limpeza, curiosamente portugueses, porque os seus nacionais não queriam fazer essas tarefas. O problema é que um país pobre, como o nosso, com as contas públicas a rebentar pelas costuras, não se pode dar a estes luxos.
Portugal está como a França dos anos 60 e 70, que importava "porteiras" e trabalhadores de limpeza, curiosamente portugueses, porque os seus nacionais não queriam fazer essas tarefas. O problema é que um país pobre, como o nosso, com as contas públicas a rebentar pelas costuras, não se pode dar a estes luxos.
Camilo Lourenço, aqui