quinta-feira, 23 de agosto de 2012

PONTAL, NADA DE NOVO

Pontal, que já foi emblemático para o PSD, que ali reganhava forças e traçava futuros, em festa, não passou, desta vez, de um filme já visto. T

odos os dias, entre o veneno da troika e o empenho do governo na cura: o veneno é mesmo para tomar.

Ou seja, o défice tem de baixar, contra tudo e todos. A pão e água. Todos, não, mais à custa de uns do que outros.


O Pontal, tudo bem espremido, deu em nada. Foi uma conversa em família, sem pontos fortes e excitantes. Ideias avulsas, já cansativas, dominaram o encontro: que a “crise é para vencer custe o que custar”, têm de ser cumpridas as metas orçamentais; que está muito “confiante, apesar das adversidades externas “ (que será para todos os governos a eterna desculpa); fez acreditar (não sabemos se ele próprio é capaz de acreditar) que 2013 vai ser o ano da estabilização da economia, o início da retoma económica.


Deus o ouça. Por outro lado, a cobrir todas estas ideias, estendeu o manto diáfano da esperança e as rosas da ilusão. Já sabemos que não poderia fazer o contrário, neste tempo de baixo astral para os portugueses que andam cada vez mais sorumbáticos e abatidos.

Têm razões para isso. Claro que não escondeu ou escamoteou as dificuldades, o garrote, mas, nem nas entrelinhas deixou a alternativa ao corte dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários. Quando não será difícil adivinhar que vamos todos comer pela medida grossa, tanto mais que tudo tende a piorar a nível da Europa.

De mais a mais, quando não sabe quanto vai render a caça à evasão fiscal, a renegociação dos contratos das parcerias público-privadas do sector rodoviário, a eliminação de fundações e de tantas gorduras que sempre escapam. Nem tão pouco Victor Gaspar o saberá. Já estamos habituados a que as contas saiam furadas.
E sabem o que derrota o optimismo de Coelho ou o de cada um de nós? A economia continua a retrair-se, não chegam os créditos; o desemprego aumenta, baixa a procura interna, os rendimentos de quem trabalha vão baixando e também a paciência. As afirmações de Álvaro Pereira também não ajudaram: que tudo bem, mas há que contar com factores externos.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 23 de Agosto de 2012