odos os dias, entre o veneno da troika e o
empenho do governo na cura: o veneno é mesmo para tomar.
Ou seja, o défice tem
de baixar, contra tudo e todos. A pão e água. Todos, não, mais à custa de uns
do que outros.
O Pontal, tudo bem espremido, deu
Deus o ouça. Por outro lado, a cobrir todas estas ideias, estendeu o manto
diáfano da esperança e as rosas da ilusão. Já sabemos que não poderia fazer o
contrário, neste tempo de baixo astral para os portugueses que andam cada vez
mais sorumbáticos e abatidos.
Têm razões para isso. Claro que não escondeu ou
escamoteou as dificuldades, o garrote, mas, nem nas entrelinhas deixou a alternativa
ao corte dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários. Quando não será
difícil adivinhar que vamos todos comer pela medida grossa, tanto mais que tudo
tende a piorar a nível da Europa.
De mais a mais, quando não sabe quanto vai
render a caça à evasão fiscal, a renegociação dos contratos das parcerias
público-privadas do sector rodoviário, a eliminação de fundações e de tantas
gorduras que sempre escapam. Nem tão pouco Victor Gaspar o saberá. Já estamos
habituados a que as contas saiam furadas.
E sabem o que derrota o
optimismo de Coelho ou o de cada um de nós? A economia continua a retrair-se,
não chegam os créditos; o desemprego aumenta, baixa a procura interna, os
rendimentos de quem trabalha vão baixando e também a paciência. As afirmações
de Álvaro Pereira também não ajudaram: que tudo bem, mas há que contar com
factores externos.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 23 de Agosto de 2012