terça-feira, 21 de agosto de 2012

ERA UMA VEZ...

OS ESQUILOS DANILOS NO CASTELO DOS FANTASMAS MEDROSOS

Estes dois esquilos, Danilo Pai e Danilo Filho, andam sempre em viagem

Desta vez, foram ter a um castelo, um velho castelo abandonado. Como era quase noite, resolveram abrigar-se no meio das ruínas.
- Havia de ser engraçado, se houvesse fantasmas - disse o Danilo Filho.
- Convinha, convinha - aprovou o Danilo Pai. - Sempre era mais uma boa história para contar, quando voltássemos.
- Mas nós vamos voltar? - quis saber o Danilo Filho.
- Por agora, estamos a ir - explicou o Danilo Pai. - Mas sempre ouvi dizer que há ir e voltar. A Terra é redonda.
Estavam eles nesta conversa, quando ouviram o pio de uma coruja.
- Ouviste? É a coruja a anunciar a chegada de algum fantasma... - avisou o Danilo Filho.
- Muito interessante - disse o Danilo Pai. - E achas que, daqui, a gente vê bem?

O Danilo Filho esclareceu que os fantasmas, quando aparecem, exibem-se para todo o público, esteja onde estiver, e fazem muito barulho para chamar a atenção - batem com os pés, empurram cadeiras, arrastam correntes...
Nisto, as asas silenciosas de um morcego passaram rente aos dois esquilos. O relógio de uma torre, longe, bateu as doze badaladas da meia-noite.
- Está na hora - bichanou o Danilo Filho ao ouvido do pai.
- Tens a certeza? - perguntou este, também em voz baixa. - E porque é que estamos a falar assim, como se estivéssemos a contar segredos um ao outro?
- Para não assustar os fantasmas - esclareceu o filho.
O pai Danilo impacientou-se:
- Não me convidem para festas com fantasmas medrosos. Desinteresso-me e vou dormir.
Dito e feito. Enrolou a cauda e adormeceu.
Em compensação, o filho continuou acordado, na esperança de que aparecessem os tais fantasmas das correntes a arrastar. A meio da noite, bateu nos ombros do pai, numa grande excitação.
- Olhe, pai, olhe que lá vem um.
- Um quê? - perguntou o Danilo Pai, muito ensonado.
- Um fantasma de olhos brilhantes, repare, pai.
Danilo Pai fixou as luminárias:
- Ou o teu fantasma tem os olhos tortos ou são dois pirilampos a jogar às escondidas...
Eram mesmo. Danilo Filho, desanimado, encostou a cabeça a uma pedra. Daí a nada estava a dormir e a sonhar com fantasmas.
No dia seguinte, enquanto arrumavam as bagagens, o pai disse para o filho:
- Não fiques amuado. Afinal, mais coisa menos coisa, já temos uma história de fantasmas para contar.
E os dois esquilos Danilos prosseguiram viagem.

António Torrado e Cristina Malaquias, aqui