António Borges que dizem ser
o 12º ministro do governo, deu uma entrevista à TVI, que, supostamente
convencido de dizer toda a verdade, afirmou sem rebuço: “não é
necessária mais austeridade”.
Oxalá, mas não se vê como é possível, quando se
verificou mais um buraco nos impostos (2.8 mil milhões) e quando se sabe que o
défice de 4.5% para este ano não irá ser cumprido.
Apesar de tantos sacrifícios.
Se tudo isto não é pacífico,
também os critérios anunciados para a privatização da RTP fizeram erguer
protestos. Se o CDS logo veio dizer que AB não pode falar em nome do governo e
Aguiar Branco afirmar que a apresentação da privatização e critérios são
prerrogativas do governo, a verdade é que isto não passou do lançamento propositado
de uma lebre, para ver tiros e reacções.
Nenhuma jogada foi inocente. Como não
haverá privado interessado na compra, lança-se a hipótese de concessioná-la.
Era trabalho que tinha de ser mostrado à troika: a RTP1 vai ser concessionada e
a RTP 2 encerrada, ficando o país sem serviço público informativo. E, desde
logo, se vai para as mãos de privados, como se percebe que continue o Zé
povinho a pagar a taxa tão pesada do áudio visual? Claro que a RTP tem sido
outro sumidouro de dinheiro, nosso. Ainda recentemente foram adquiridos 57
automóveis de topo de gama para os maiores.
E há jornalistas a vencer, escandalosamente,
chorudos ordenados e programas de duvidoso interesse público. É mais um
exército a comer. Quanto à troika, (já aí está para novo exame) que reveja a
receita e dê a mão à palmatória e mais tempo. Deu com os burrinhos na água… Para
maus gestores da coisa pública, já bastavam os nossos.
Post-scriptum
Inocente também não foi a substituição de AB por MR (Miguel Relvas). Já se
queimou em muitas loucas fogueiras e irradiaria mais vozes de protestos.
É melhor remeter-se ao recato.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 30 de Agosto de 2012