
Mal, mas sem alternativa de governação.
A síntese do
pensamento dos portugueses faz-se a partir do estudo de opinião realizado pela
Universidade Católica que o JN hoje publica e é bem paradigmática de como o país
está submergido numa espécie de beco sem saída, isto é, padronizado pelos
critérios de obrigação ao memorando da troika e, por isso, incapaz de gerar
alternativas.
Há, enfim, uma ambiência de quase resignação, marcada ainda por cima por um
facto interessante - e contraditório: o ministro das Finanças, o principal
responsável pelo apertar sistemático do cinto dos portugueses, é o mais
apreciado de todas as negativas dos ministros, dispondo de 59% de avaliações
positivas.
Um panorama político assim, no qual todos parecem rezingões, gerando-se
permanentes manifestações de descontentamento mas sem consequências, não é
entusiasmante. Como no velho adágio popular segundo o qual em casa onde não há
pão todos ralham e ninguém tem razão, os portugueses parecem viver em estado de
insatisfação... dormente.
A falta de otimismo trespassa por praticamente todos os setores da vida
nacional, mas, ainda assim, os processos de intenção alternativos não bastam
para o convencimento: falta-lhes substância - e o povo não é tolo e sabe estar o
país subjugado aos ditames dos seus credores, de pouco adiantando radicalismos
ou discursos de rotura.
Em última instância será preocupante mas realista, de facto, o posicionamento
do povo segundo o prisma do "tanto faz".
Independentemente dos fogos-fátuos do mundo político-partidário, Portugal
dispõe de quase nula margem de manobra para escapar aos ditames do FMI, Comissão
Europeia e Banco Central Europeu para o financiamento do país. Numa
circunstância assim, com o país obrigado a cumprir mandamentos ditados do
exterior para receber os milhões de que carece para a sua sobrevivência, não é
substancialmente diferente a vivência com os atuais ou outros mestres de
cerimónia. É o que sente e pressente o povo.
Retirada daqui