sexta-feira, 22 de junho de 2012

A INACEITÁVEL IMPUNIDADE DA CLASSE POLÍTICA

O Tribunal de Contas diz que o governo dos Açores gastou 27 400 euros numa viagem da mulher de Carlos César ao Canadá. E diz mais: que o negócio foi adjudicado de forma directa.


O assunto tem dois dias e estive para o comentar ontem.

 
Não o fiz na esperaa de ouvir um desmentido do governo regional ou um pedido de desculpas ao contribuinte, acompanhado da promessa de que Luísa César iria reembolsar o Estado pelo custo da viagem. Nada.

Tudo o que surgiu foi uma nota a dizer que a despesa não afectou a execução orçamental.


É preciso ter lata. Como se o problema se resumisse a saber se a despesa violou o orçamento regional. O problema é outro: saber se o dinheiro dos contribuintes (30% do orçamento regional vem do Orçamento do Estado) está a ser bem gasto. Ora mesmo sem conhecer todos os contornos da viagem de Luísa César (em que hotéis se hospedou, devia ter levado as pessoas que levou?, que restaurantes frequentou, que transportes utilizou, etc.), 27 mil euros é um valor pornográfico. Além de que não se percebe porque deve o orçamento regional suportar uma viagem da mulher... do presidente.
 
 
Este caso, que não é único, é um bom exemplo da inaceitável impunidade com que actua parte da nossa classe política e do desregramento do Estado.
 
Carlos César, que parece ter ambições maiores do que a presidência de um governo regional, tem obrigação de explicar pormenorizadamente este caso: porque se gastou tanto dinheiro; porque se consultou só uma empresa e quais as relações do governo regional (ou de membros do governo) com essa empresa.


Porque num país que se anda a matar com sacrifícios, esbanjar dinheiro do contribuinte é imoral.
Camilo Lourenço, aqui