quinta-feira, 17 de maio de 2012

A ASNEIRA DE MÁRIO

Todos sabemos que Mário Soares, um dos pais da Democracia (que há muito se deixou de ver onde está) todo se pela por que lhe dêem palco.

O que ele quer é ribalta, estar na crista da onda. Umas vezes, pelos bons motivos, outros para cometer dislates, disparates, inesperadas coisas. Basta um ensejo.

A última e monumental gafe (à boa maneira do PCP) foi dizer a um Diário que chegou a altura de rasgar o acordo com a Troika, borrifar-se o PS para o memorando.

A palavra antigamente valia muito e a assinatura valia uma escritura. Hoje para Mário Soares, que como ex-chefe de Estado e com a Fundação de seu nome bem caro nos fica, o compromisso não existe. Aliás, não admira. Se bem nos lembramos para governar o país, teve de meter o socialismo na gaveta (ainda bem). E bastou agora uma baforada de vento rosa, vindo de França, com a vitória de Hollande, para ficar excitado.

Uns fazem-no para nos fazer rir, ele fê-lo para uma “cantiga do vento que passa”. Para deixar muita gente de nariz no ar, com preocupações. Nem José Seguro repetiu a asneira, ainda que não ignore que lhe deu uma boa ajuda e lhe serviu uma almofada de ar. Tão pouco o deputado Zorrinho, sempre pertinente, se fez eco da boca, bem pelo contrário.

O grande “animal político” que ele é, com aquela afirmação imprudente, transviada do habitual bom senso, não fez mais do que prejudicar o país perante a Europa, a Troika, os mercados. Concorreu para a instabilidade económica. Neste ponto, colocou a ideologia acima dos interesses do país. Certamente que há algo a mudar no caminho do emprego e do crescimento económico, é necessário um pacto mais forte neste campo do que qualquer PEC, mas não é rasgando acordos assinados que lá vamos, porque não chegamos lá sozinhos, fazendo de parvinhos.

Mário, Soares fazendo o que fez, só porque sentiu um feijão de alegria, com a vitória de Holland, não fez mais do que agitar os profissionais de greves e de rua, coisa que não ajuda o país. Esqueceu-se que foi sobretudo o PS que fez do país um protectorado da Troika, do FMI, do BCE, da Merkle coisa que se compreende em pessoa da sua idade, mas não se perdoa a quem deveria ser mais responsável nas dificuldades (para os outros).

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 16 de Maio de 2012