Houve greves na CP e vai haver de novo pelo Natal e Ano Novo. Parece que os sindicatos, tão obsoletos como a linha do Vale do Vouga que afinal já não encerra, não tiram o pés dos carris das greves, não desempenhando outro trabalho senão puxar a brasa à sua sardinha, senão gorda, pelo menos lustrosa, com regalias únicas.
Quando a empresa está falida e há o risco de não haver dinheiro para os próximos pagamentos. Isto é de valentes ou de insensatos que por sinal são dos que melhores ordenados usufruem no país?
Podem os administradores serem aos pontapés e inúteis pelos gabinetes de Santa Apolónia, o que revolta, mas também já chateia que os maquinistas, volta e meia, prejudiquem tantos milhares de pessoas que querem trabalhar…
O sector público dos transportes é um cancro incrustado no tecido adiposo do Estado e muito difícil de extirpar. É crónico o seu endividamento, que deveria ser punido por gestão danosa, obscenas as regalias, impunes os desmandos levados a cabo por gestores irresponsáveis e sem escrúpulos.
E faz-nos pensar que Sócrates estava doido quando veio declarar que a dívida soberana não era para pagar. O homem não é de boas contas! Para cúmulo, Soares até o convidara a candidatar-se a Belém… Triste sina a nossa.
Como a CP, também a TAP, faz greves quando dá na real gana aos sindicatos. A última, de 5 dias, não foi por diante, mesmo assim, deu mais de 10 milhões de prejuízo. Apesar disso, já estão anunciados mais pacotes de greves. Em causa estará um acordo maluco entre o Estado e os Sindicatos dos Pilotos, celebrado em 2009, chorudo para os pilotos que cancelaram greve em troca de 20% no capital da empresa, quando fosse privatizada.
Falida como está há muito, venda-se e coloquem os pilotos a tripular as finanças. Em pouco tempo estará a frota toda em terra. Tudo isto cheira-nos a tempos do PREC e há quem veja nesta estratégia dos pilotos “a guarda avançada de quem quer comprar a TAP a preço de saldos”..
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 15 de Dezembro de 2011
