O BPN continua a dar que falar.
Vimos a sofrer e a pagar todos, há anos, o regabofe que foi a gestão ruinosa deste Banco, onde gente sem escrúpulos foi arrumando o dinheiro dos depositantes em paraísos fiscais.
Tudo debaixo dos olhos do governo de Sócrates, de Victor Constâncio, director do Banco de Portugal, todos tapando os olhos e os ouvidos, porque já havia rumores de má gestão, de fuga de capitais.
Oliveira e Costa & Comandita iam de vento em popa. Maria de Belém disse: “passou-nos muita coisa estranha debaixo dos olhos, para não chamar outra coisa”. Devia chamar, que não está sozinha. A entidade fiscalizadora dormia na forma, na suposição de que era tudo boa gente. Quando acordaram, o banco já era buraco sem fundo. Oliveira e Costa foi preso (um só!), os cúmplices ficaram à sombra da ribeira. Tudo se ficou por aí, em vez de ser feita a penhora imediata dos bens de todos os directores. Resultado, o dinheirinho sumiu-se. Victor Constâncio acabou por ser premiado…
Depois, com a crise e o medo dos danos colaterais, Sócrates nacionalizou o Banco, entrando nós amargamente para o peditório. De nada adiantou. Durão Barroso veio há pouco dizer que a nacionalização foi um erro grave, que o mal não se pegava. A peste, talvez mais sarna, pegou-se a nós. Fomos coçando os nossos bolsos e passando euros para pagar o rapinanço, mas o buraco era infindo. De prejuízo em prejuízo, herança malcheirosa, deixada pelo anterior governo, o de Passos Coelho, desfez-se do empecilho por 40 milhões, menos de metade que custa o passe de Hulk.
A proposta mais alta valia o passe do jogador. Uma pechincha, para o BIC, ainda que lixo tóxico. Além disso, o governo (nós) ainda tem de despejar no buraco mais de 600 milhões a favor dos depositantes e para pagar o despedimento de muitos funcionários. Se há heranças que o novo governo dispensava muito bem, esta é uma delas. E nós muito mais. É demasiada porcaria numa fraude sem castigo exemplar para os criminosos.