O bom terrorista solitário não dispensa barbeiro, solário, dieta, esteróides e, se necessário, maquilhagem.
O bom terrorista solitário tem manual de instruções, é de extrema-direita, é contra a invasão muçulmana, a malta de Esquerda; é também fundamentalista cristão, se-ja lá o que isso for.
O terrorista solitário é europeu, usa vários cartões de crédito e com eles compra explosivos e armas de caça e, depois, assassina mais de noventa pessoas na Noruega. O terrorista solitário, que usou a internet e agora, por querer publicidade, pôs a comunicação social a pensar no limite do direito à informação, irá ser julgado num país civilizado onde a pena máxima é de 21 anos.
O bom terrorista solitário Anders Breivik matou a Europa civilizada que, apesar do que dizem as agências lá do país que inventou os serial killers, vai mesmo de Reiquejavique a Atenas, vai até fora da União Europeia.
Em ‘Invocação ao Meu Corpo’, o escritor Vergílio Ferreira olha perplexo o umbigo e escreve: "Surpresos olhamos quem fomos porque já nos não reconhecemos. Atónitos perguntamos como foi possível?, quando, onde, porquê? (...)". O corpo de um velho serve sempre de metáfora.
Fernanda Cachão, aqui