domingo, 10 de abril de 2011

9 REGRAS BÁSICAS PARA ENFRENTAR A CRISE

Ainda ninguém sabe ao certo as condições do resgate a Portugal, mas já todos esperam ficar mais pobres.

A maioria das pessoas com quem falámos não encara os tempos que aí vêm como uma novidade, porque já vivem a controlar gastos há muito tempo.

Para aqueles que pressentem que, agora sim, a crise vai apertar, preparámos um guia contra a falência, para que não lhe aconteça o mesmo que à República.

Nos primeiros três meses do ano mais de quatro mil famílias portuguesas recorreram à DECO para pedir ajuda. Muitas recebiam rendimentos acima da média mas tinham problemas de sobreendividamento. Com a expectável redução do rendimento disponível, estas famílias vão ver a situação a agravar-se, outras vão começar agora a sentir esses efeitos, e todas vão ter de reajustar o orçamento familiar. O i ouviu as dicas de profissionais, e previu quais podem ser as novas tendências de consumo para a (antiga) classe média.

ORÇAMENTO FAMILIAR
"Poucas famílias o fazem, mas é essencial", explica Natália Nunes, especialista da DECO no apoio a famílias sobreendividadas. Cláudia Duarte, formadora sobre gestão de orçamentos familiares, confirma-o. "Anotar todos os gastos, ver a parcela que ocupa mais espaço e ser crítico em relação a isso." E não vale fazê--lo de cabeça, é mesmo para escrever. "Poucas pessoas se apercebem que um café de 60 cêntimos todos os dias significa mais de 18 euros no final do mês", sublinha Natália Nunes

DESLIGAR AS TOMADAS ELÉCTRICAS
As facturas da água, luz e gás podem sempre ser melhoradas. Para além das lâmpadas economizadoras, saiba que as tomadas múltiplas com botão para desligar são um grande aliado na poupança: sempre que deixa algo ligado à corrente, o consumo, ainda que mínimo, mantém-se.

PARTILHAR O CARRO
"Há pessoas que vão ter de deixar de trazer o carro para o trabalho", prevê Natália Nunes. Se os transportes públicos não são uma opção, pondere começar a trocar boleias com os colegas da empresa. Os combustíveis low-cost também vão ser cada vez mais utilizados.

VERIFICAR a APÓLICE DO SEGURO
Aqueles contratos no fundo da gaveta, que funcionam por débito directo, vão começar agora a ser revistos. Será que existe melhor oferta no mercado? É uma pergunta a fazer a seguradoras e outras prestadoras de serviço, como as de telecomunicações. Tente negociar as prestações que paga todos os meses. "Caso encontre melhor, mude para o valor mais baixo", aconselha Natália Nunes.

LEVAR O ALMOÇO NA MARMITA
"Para muitas famílias, existem gastos que vão simplesmente ser eliminados", diz Natália Nunes, "como o fazer refeições fora". Há cada vez mais pessoas a levar o almoço para o local de trabalho. Neste leque de transferências de consumo cabem também os ginásios, que podem ser trocados por exercícios a custo zero, na rua ou em casa. As pessoas vão também ponderar cuidar elas próprias da casa, em vez de pagar a uma empregada doméstica.

DESFAZER-SE DO QUE NÃO PRECISA
Cada vez mais pessoas aderem aos leilões online para ganhar um extra ao vender produtos que já não utilizam: máquinas fotográficas, telemóveis, etc.. O negócio de casas de compra de ouro, colecções ou peças preciosas tem vindo a crescer nos últimos meses, atingindo valores recorde. A tendência é para continuar, contribuindo para a liquidez de muitas famílias

PROCURAR MAIS DESCONTOS
"Em tempos de crise as pessoas devem comparar ainda mais os preços", avisa Natália Nunes. Isto inclui não só optar pelo mais barato, mas também aproveitar cupões e descontos em compras de bens e serviços. Assim, as marcas brancas devem em 2011, mais uma vez, aumentar a sua quota de mercado. A tendência deve ser levada a sério cada vez que vai ao supermercado, mas também noutros gastos que vão ver o orçamento reduzido, como por exemplo, as viagens e férias.

REDUZIR OS CARTÕES DE CRÉDITO
"Escolha apenas um cartão de crédito, de preferência com programas de desconto em áreas que utilize e corte com os que têm anuidades muito elevadas." É o primeiro conselho que Cláudia Duarte dá a quem frequenta as suas formações sobre orçamento familiar. "Um dos sintomas de quem não faz uma boa gestão é ter a sensação de que não há dinheiro suficiente para tudo" recorrendo desnecessariamente ao crédito.

Margarida Videira da Costa com Marta F. Reis, aqui