A alfazema pode ser sinónimo de bem mais do que almofadinhas de cheiro para pôr nas gavetas.
Uma estudante de doutoramento da Universidade de Coimbra fez um estudo rigoroso sobre as seis espécies de lavanda que nascem de forma espontânea sobretudo no Algarve. Os primeiros resultados foram publicados na revista "Journal of Medical Microbiology" e revelam as propriedades antifúngicas destas plantas. Lígia Salgueira, uma das supervisoras do trabalho, explicou ao i que a lavanda demonstrou ser eficaz contra micoses comuns como o pé de atleta ou a tinha.
Para já a eficácia foi apenas demonstrada em laboratório, com os fungos derrotados in vitro e/ou em células de mamíferos. Ainda assim, pela experiência que existe noutros países, como Espanha, Lígia Salgueiro adianta que se trata sobretudo de dar uso a um recurso pouco explorado em Portugal. "O extracto de lavanda tem algum uso em suplementos alimentares mas quando é necessário acaba por ser importado." Apesar do objectivo inicial da investigação ser caracterizar as populações de alfazema nacionais, o potencial para a indústria merece destaque.
Lígia Salgueiro adianta que a ideia não seria utilizar as que crescem de forma espontânea mas, com recurso às técnicas de biotecnologia, promover plantações que aumentam ao máximo a rentabilidade da espécie. A lavandula já faz uma boa parte do trabalho: garante óleo uma vez por ano, na altura da floração, com um rendimento a rondar os 1,5%. "A grande questão em torno destas espécies é que para além de boas propriedades têm de representar uma produção rentável."
Marta F. Reis, aqui
