segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

USO DA PÍLULA DO DIA SEGUINTE VOLTA A SUBIR

Vendas do método contraceptivo de emergência disparam 21% em 2010.

No ano passado, o recurso a contraceptivos de emergência disparou, a julgar pelo aumento significativo das vendas da pílula do dia seguinte. A falta de informação adequada poderá explicar a utilização crescente desta forma de contracepção.

As vendas da pílula do dia seguinte subiram 21% no ano passado, com mais 46 mil unidades dispensadas, um crescimento que surpreende os especialistas. As estimativas da consultora IMS Health - que apontam mais de 263 mil unidades vendidas - revelam uma inversão na tendência de estagnação do recurso à contracepção de emergência, registada desde 2006.

Cerca de 263 mil unidades foram vendidas
"Não encontro nenhuma explicação", admite o presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, Luís Graça, ouvido pela agência Lusa.

Já o presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Obstetrícia considera que "existe uma nova postura social que poderá estar associada ao facto de as pessoas já não usarem os métodos de contracepção regulares".

De excepcional a regular
Vendida como uma solução de emergência, a pílula do dia seguinte acaba por ser usada, por algumas mulheres, como método contraceptivo regular, diz José Martinez Oliveira. "Há casos em que usam sempre que têm uma relação sexual", explica o responsável daquela sociedade científica.

Serafim Guimarães, da Maternidade Júlio Dinis, no Porto, confirma conhecer casos de mulheres que "já a usaram dez e 15 vezes", facto que Luís Graça explica com a falta de informação na área da sexologia.

A contracepção de emergência é muitas vezes usada sem necessidade, havendo "mulheres que nem sequer têm noção do seu próprio ciclo menstrual", sublinha o especialista.

Colocada no mercado em 2000, a pílula do dia seguinte foi tendo um aumento gradual de utilização durante os primeiros seis anos, para depois estagnar em torno das 220 mil unidades vendidas anualmente.

Apesar do aumento registado no ano passado, os especialistas salientam a importância da sua existência, designadamente, na prevenção de gravidezes não planeadas.

"É uma arma importante que teve impacto na redução das gravidezes indesejadas", sublinha Ana Isabel Machado, responsável pela Consulta de Grávidas Adolescentes da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.

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