sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

MOVIMENTO SOS EDUCAÇÃO: A REVOLTA É MESMO PARA LEVAR ATÉ AO FIM

Escolas, professores, pais e alunos não desarmam. A estratégia está definida até Fevereiro, mas prometem continuar.

A "revolta" contra as novas regras de financiamento do Estado às escolas privadas com contrato de associação é para "levar até ao fim", garantem os pais que lideram o movimento SOS Educação.

Resta saber quando irá terminar a "maratona de protestos " que os cerca de 1100 encarregados de educação iniciaram há quase três semanas, durante a campanha para as eleições presidenciais."

A nossa estratégia está definida até ao dia 8 de Fevereiro. Depois disso são os próprios acontecimentos que poderão determinar o que vai ser feito", conta Graciano Paulo, um dos elementos deste movimento. Não há, portanto, data para arrumarem as faixas, os cartazes e deixarem em paz a ministra da Educação, Isabel Alçada: "Usaremos todos os meios legais ao nosso dispor para que não fechem as escolas dos nossos filhos", conta.
 
Estão empenhados nos protestos os pais e encarregados de educação que pretendem que o governo volte atrás e altere o diploma que reduz 30% as verbas a atribuir ao ensino privado com contrato de associação. Prometem ficar unidos nesta causa, mas reconhecem ter um ponto fraco: "Somos muitos e estamos dispersos, o que por vezes dificulta a gestão do nosso movimento", confessa Luís Marinho, porta-voz do SOS Educação.

Só que "ter uma estrutura pouco fixa" tem sido uma vantagem nos últimos três dias, em que o movimento lançou a campanha de fecho em cerca de 80 das 93 escolas com contratos de associação espalhadas de norte a sul do país. O segredo tem estado em saber aproveitar os benefícios de usar uma rede alargada de aliados. Cruzam-se informações e planeiam-se iniciativas em vários pontos do país com a eficácia de um sms ou de um de email.

Em poucos minutos, Luís Marinho consegue, por exemplo, ficar plenamente informado sobre quantos estabelecimentos de ensino foram ontem encerrados em protesto: "Recebi um telefonema de um pai de Coimbra, que por sua vez recebeu outro telefonema de Braga, e por aí adiante, até termos a contagem final." Há 20 anos, portanto, organizar uma iniciativa como o SOS Educação "seria impossível", conclui Graciano Paulo.

Sem telemóveis nem internet, o movimento de associações de pais ficaria confinado a meia dúzia de escolas. Mas as novas tecnologias fizeram com que o SOS Educação ganhasse uma escala nacional. "Tudo começou em Dezembro com um grupo de quatro ou cinco associações de pais que, em Dezembro, se revoltou contra o despacho do governo", recorda Luís Marinho.

E foi esse núcleo duro que definiu a estratégia de combate conta as redução do financiamento às escolas privadas - protestos durante as campanhas presidenciais, fecho de escolas a cadeado ou cortejos funerários à porta do Ministério de Educação. Acções que têm sido planeadas durante noites, madrugadas e fins-de-semana.

O programa de protestos, no entanto, só avançou para o terreno depois de todos os pais e encarregados de educação das 93 escolas em causa aprovarem o plano de ataque. "Só que para isso foi preciso fazer centenas de plenários em dezenas de pontos diferentes do país", conta Luís Marinho. Os encontros foram organizados pela noite dentro e aconteceram em pouco mais de duas semanas, explica o porta-voz do movimento.

Nas próximas semanas haverá mais plenários e reuniões, até porque será necessário definir e aprovar um novo plano de acção para os dias que se seguem, conta João Asseiro, outro representante do SOS Educação: "O movimento de protesto contra a medida começou e avançou depressa e agora não há maneira de o parar", remata.

Kátia Catulo, aqui