Os cortes de financiamento já aplicados nos colégios reforçam a preocupação dos pais para a qualidade do ensino que está a ser prestado aos filhos.
Luís Marinho, porta-voz do Movimento SOS Educação, sublinha que "as escolas particulares com contratos de associação com o Estado estão, há 15 dias, a fazer cortes com os professores".
Também Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), confirma que "estão a ser despedidos professores". Pais e professores temem que no arranque do próximo ano escolar, em Setembro, o ensino fique "ingovernável", com a diminuição do financiamento por turma nas escolas públicas e privadas, que passa de 90 mil para 80 mil euros/ano.
Luís Marinho refere que os protestos de pais e alunos das escolas privadas deverão repetir-se, a exemplo do que sucedeu na última semana. "Nos primeiros 15 dias de Janeiro, os cortes de 120 mil euros para 90 mil euros anuais por turma levaram os colégios a ter menos professores, a reduzir horários e a mudar professores nas turmas", refere. "Terminaram o desporto escolar, o apoio ao estudo, os clubes de ciências e, nas aulas práticas, onde havia dois professores, passou a estar apenas um", diz Luís Marinho. Para o sindicalista Mário Nogueira, "é urgente que o Estado torne as contas claras, que explique como apurou que para cada turma funcionar sejam necessários 80 mil euros". "O número surgiu sem qualquer discriminação dos valores", acusa.
FENPROF REÚNE COM COLÉGIOS
A Fenprof reúne-se hoje , em Lisboa, com a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo, no âmbito das negociações do Contrato Colectivo de Trabalho dos docentes do Ensino Particular e Cooperativo. Para Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, "a reunião terá grande importância, na medida em que ocorrerá num momento em que muitos estabelecimentos particulares e cooperativos, alegando dificuldades financeiras, estão a despedir docentes, a reduzir salários e a alterar horários". A Fenprof "estranha" estas medidas, uma vez que "os dirigentes daquela associação patronal se disponibilizaram, na reunião anterior, em encontrar medidas que evitassem despedimentos e reduções salariais". Os cortes salariais, consideram os sindicatos, são "ilegais".
João Saramago, aqui