Primeiro estudo mundial sobre consequências do fumo passivo mostra que é responsável por 600 mil mortes, um por cento dos óbitos no mundo.
Uma em cada cem pessoas morrem anualmente no mundo devido a doenças causadas pelo fumo passivo. Contas feitas, todos os anos morrem no planeta mais de 600 mil pessoas por inalação do fumo dos outros. Destas, 165 mil são crianças. Estes são os números crus do primeiro estudo mundial sobre este problema, que foi realizado por uma equipa internacional coordenada por Annette Pruss-Ustun, da Organização Mundial da Saúde, e que hoje foi publicado online na Lancet.
Para chegar a estes resultados, os investigadores utilizaram os dados relativos a 2004, já que este era o ano mais recente para o qual havia dados comparáveis dos 192 países estudados. Na avaliação, os investigadores calcularam não só o número de mortes mas também o de anos de vida saudável perdidos devido ao fumo passivo.
As principais causas de morte neste contexto resultaram de doença cardíaca isquémica, que pode levar a enfartes ou AVC, e que no ano estudado causou 379 mil mortes, de infecções pulmonares (165 mil mortes), asma (36 900) e de cancro do pulmão (21 400).
As mulheres são o grupo mais numeroso destas vítimas do fumo passivo, já que 47% das mortes verificadas foram justamente no sexo feminino. As crianças, que registaram 28% das mortes, vêm logo a seguir, seguidas dos homens (26%).
Quanto a anos de vida saudável perdidos, os investigadores estimaram o total em 10,9 milhões, que representaram 0,7% do total de anos perdidos para a população mundial devido a doenças em 2004. A doença causada pelo fumo passivo que mais pesou nestas perdas foi a cardíaca isquémica nos adultos, seguida de asma. Mas as crianças foram as mais afectadas por esta perda de anos de vida saudável, com 57% dessa contabilidade (5,9 milhões de anos) devido a infecções pulmonares.
Outro dado curioso mostra que as mortes de crianças nestas circunstâncias ocorrem sobretudo em países em que as populações têm maioritariamente baixos e médios rendimentos, enquanto as vítimas adultas estão distribuídas por todo o mundo. Os autores sugerem que além de leis obrigando à criação de zonas livres de fumo (como já há na maioria do países europeus) se façam campanhas educativas junto das populações para reduzir o problema nas crianças.
Filomena Naves, aqui