Quem nunca teve um caderno ou um lápis do cão mais esperto (e velho) do mundo? Quatro caras conhecidas confessam-se.
Quem nunca teve meias, uma borracha, um caderno ou um lápis do Snoopy que ponha o dedo no ar. Espere. Vasculhe bem nas suas recordações de infância antes de responder. Vê?
Só que o Snoopy é muito mais do que um motivo de merchandising ou a estrela de mais de 20 mil produtos. É o cão mais conhecido e reconhecido do mundo, a personagem principal da banda desenhada "Peanuts", de Charles Shulz.
História
Shulz tinha 15 anos quando viu o seu primeiro trabalho publicado num jornal: um desenho de Spike, o cão da família. Mal sabia que o caminho do sucesso seria esse. Já em adulto, e depois de bater à porta de vários jornais, o sonho realizou--se: a 2 de Outubro de 1950, os "Peanuts" apareceram, em simultâneo, em sete jornais americanos. E até Dezembro de 1999 Charles Shulz desenhou, ele próprio, todas as quase 18 mil tiras de Snoopy que apareceram em 2600 jornais de todo o mundo. A 12 de Fevereiro de 2000, Charles Shulz, com 77 anos, morreu, um dia antes de a última tira sair nos jornais. Com Shulz morreu também a hipótese de se criarem novas tiras dos "Peanuts". Por vontade do autor, e desde 2000, que não há, nem voltará a haver, novas histórias com Snoopy.
Durante os seus 50 anos de trabalho, Shulz recebeu vários prémios, entre os quais quatro Emmy, dois Reuben e o direito a uma estrela no passeio da fama em Hollywood.
As personagens
Quase todas herdaram o nome de amigos do cartoonista. Quanto às personalidades de cada um, segundo Shulz, eram características dele próprio: o sarcasmo de Lucy, a lamechice de Charlie Brown e a loucura sonhadora de Snoopy.
Inspirado em Spike, o cão preto e branco da família Shulz, Snoopy é da raça Beagle. É esperto, sonhador e apesar de nunca falar (afinal, era um cão) comunicava com os leitores através de expressões faciais e balões de pensamento. Snoopy sabe escrever, jogar basebol e tão depressa fantasia ser um piloto de aviões como um escritor consagrado. É corajoso e a única coisa de que tem medo é do gato do lado. Duas das suas actividades favoritas são beijar Lucy e roubar o cobertor de Linus. Tem como confidente (e vítima das suas partidas) Woodstock, um passarinho amarelo que sabe escrever à máquina e comunica através de pontos de exclamação. Tal como Snoopy, também Woodstock faz parte da equipa de basebol de Charlie Brown. Talvez por isso esta equipa nunca tenha ganho um único jogo.
Cada personagem de "Peanuts" é uma espécie de caricatura de uma determinada personalidade e forma de estar. Está lá tudo: a preguiça, a criatividade, o egoísmo ou a sensibilidade. E é por isso que 60 anos depois Snoopy e os amigos continuam a ser intemporais.
Casos
Sónia Tavares, vocalista The Gift
“Adoro o Snoopy. Quando era miúda via os desenhos animados e já em adulta comprei as obras completas do Charles Shulz. Até mandei pintar um quadro com uma tira dele que tem uma piada sobre o Halloween. Adoro o humor da turma toda, muito adulto, muito apurado e maduro. A minha personagem preferida é o Linus, que anda sempre com a fraldinha atrás.”
Joana Vasconcelos, artista plástica
“Sempre gostei muito do Snoopy. A Lucy é a minha preferida, sempre a mandar em todos e a mostrar que as mulheres tinham boas opiniões. Tive de tudo do Snoopy: borrachinhas, lápis e um estojo daqueles da escola. E tinha os livros, claro. Acho que apesar de serem todos crianças a banda-desenhada não era paternalista ou moralista e tinha um apurado sentido crítico.”
Inês Castel-Branco, actriz
“Confesso que nunca fui muito fã, mas claro que tive coisas do Snoopy. Lembro- -me que em miúda, devia ter uns oito anos, tinha uma mochila, ou uma toalha de praia... já não sei bem. Era o Snoopy sentado em cima da casinha. E via os desenhos animados, porque os meus irmãos gostavam e quem mandava na televisão eram eles.”
Luís Filipe Borges, humorista
“Gostava muito do Snoopy e dos amigos, sobretudo daquela melancolia reinante, que era rara em desenhos-animados. E durante toda a escola primária tive cadernos, canetas e canecas do Snoopy, que era a minha personagem preferida, apesar de ter um carinho especial pelo Linus.”
Diana Garrido, aqui
