Há pequenos truques a seguir: desde aproveitar os saldos até planear as férias com antecedência.
Olhar mais para os preços e comprar apenas o que é necessário foi a solução encontrada por Sílvia Reis para fazer face ao aumento dos preços e a um orçamento familiar cada vez mais apertado. "Comecei a reparar que sempre que ia ao supermercado deixava centenas de euros, mas, analisando bem os produtos que comprava, facilmente verificava que grande parte deles eram dispensáveis e eram esses que encareciam a factura", revela ao i.
A verdade é que este não é um caso isolado. Muitas famílias portuguesas têm de lidar com um orçamento cada vez mais asfixiante e foram obrigadas a mudar de hábitos e a tomar decisões de forma mais equilibrada para tornarem o seu dia-a-dia mais fácil. Alguns truques já são usados pelos consumidores há algum tempo, mas há pequenas soluções pelas quais pode optar e que às vezes são esquecidas.
Determinados pequenos gastos diários podem parecer insignificantes, mas ao fim do mês fazem toda a diferença. É o caso do pequeno-almoço fora. Mas vamos a números: gastar 2,5 euros por dia numa pastelaria parece pouco, mas ao final do mês - tendo em conta apenas 22 dias úteis - traduz-se num gasto de 55 euros.
"Uma das primeiras despesas que cortei depois de ter tomado a decisão de ir morar sozinho foi o pequeno-almoço na pastelaria da rua", conta Rui Pereira. "Comecei a fazer contas e vi que era insuportável manter todos os ''luxos'' a que estava habituado. Acabar com este foi um dos cortes mais fáceis e fez toda a diferença para equilibrar o orçamento diário", salienta.
A verdade é que seria desejável que esses cortes fossem aplicados de forma mais geral. Por exemplo, tentar pôr de lado o preconceito e começar a levar almoço para o trabalho, reduzindo ao mesmo tempo os jantares fora. Vai ver que, ao fim do mês, esses valores que conseguiu poupar vão fazer toda a diferença.
Outro truque usado por muitos consumidores passa por aproveitar as épocas de saldos para comprar os produtos e peças de vestuário desejados. Há lojas que chegam a oferecer reduções que podem chegar aos 70%. Por outro lado, evite comprar a roupa toda de uma vez e sempre que possível divida as compras e os gastos com o vestuário por meses e por cada pessoa do agregado familiar. Ou seja, se este mês comprou roupa para si, só no próximo mês é que deve comprar para os restantes elementos do agregado familiar.
Férias. Não é só no dia-a-dia que as despesas têm de ser vistas à lupa. O planeamento das férias não pode ficar para segundo plano. Organizar a viagem com antecedência pode traduzir-se numa poupança significativa. Quem não consegue planear a sua vida "a tempo e a horas" pode optar por viajar em companhias de baixo custo (low cost) ou pelas ofertas de última hora. Neste último caso, deve ter flexibilidade nas datas. Pode também optar por comprar as viagens pela internet - por vezes consegue--se boas promoções.
Algumas soluções para poupar no dia-a-dia.
1. Casa. Há sempre pequenos truques para poupar nas contas da água, da luz e do gás. Utilize lâmpadas fluorescentes e economizadoras, desligue sempre os aparelhos – em modo standby gastam energia. Faça uma simulação no site da EDP para verificar que tarifário mais se adequa ao seu caso. Deve também mudar alguns hábitos – duches rápidos, por exemplo – e optar por instalar dispositivos mais eficientes em torneiras, chuveiros e autoclismos, pois permitem poupar, por família, até 300 mil litros de água por ano.
2. Alimentação. Uma ida ao supermercado pode representar um verdadeiro problema quando se cede às tentações. Para que isso não aconteça, pode seguir algumas regras de ouro. Leve sempre uma lista dos produtos de que precisa, evite ir às compras quando tem fome e opte sempre que possível por marcas brancas. Tente não levar crianças e não se esqueça de olhar para as prateleiras de cima para baixo. Vai ver que, no momento de pagar, estas pequenas diferenças podem representar uma poupança significativa. Tenha também em conta o local. A Deco analisou 549 lojas em todo o país e chegou à conclusão de que é possível poupar cerca de 800 euros por ano consoante o local e comparando os vários produtos.
3. Banca e Seguros. O crédito à habitação representa, para a maioria dos portugueses, uma despesa pesada e é sempre desejável baixar a prestação. Para isso, pode renegociar o spread com o banco ou pedir um alargamento do prazo. Esta última opção implica sempre pagar mais juros. Se tiver algum dinheiro extra pode sempre optar por amortizar o crédito. No caso de ter vários empréstimos, pode consolidá-los num só. Cuidado com os cartões de crédito: representam uma tentação perigosa. Já em termos de seguros, contrate apenas as coberturas de que precisa e analise muito bem a oferta. Pode também optar por um mediador, pois regra geral oferecem descontos de 20% a 25% num pacote.
4. Ginásios. Gaste apenas se tirar proveito. Se é daquelas pessoas que pagam para não ir, então é melhor cancelar a inscrição. Cerca de 50 euros ao final do mês podem fazer muita diferença. Pode sempre optar por fazer exercício em locais públicos, onde não paga nada.
5. Telecomunicações. Comece por verificar se o tarifário do telemóvel se adequa às suas necessidades. As operadoras têm vindo a apostar em tarifas que permitem chamadas de graça para clientes da mesma rede, mediante o pagamento de uma mensalidade. Pode recorrer ao simulador disponível no site da Anacom para verificar qual é o melhor tarifário. Há também soluções alternativas, como o Skype e o VoIP. Em termos de televisão por subscrição, analise muito bem a oferta e tente aproveitar as promoções. Subscreva apenas os canais que sabe que vai ver.
6. Transportes. Opte por utilizar os transportes públicos. Vai ver que, ao final do mês, além de poupar alguns trocos, consegue evitar verdadeiros ataques de nervos. Os que não passam sem carro podem optar por partilhá-lo. Dividir custos pode ser uma alternativa. Modere a utilização do ar condicionado e adopte uma condução que permita reduzir o consumo.
7. Poupança .Os que são menos adeptos da poupança podem tentar juntar um euro por dia – no final do ano terão 365 euros. Aqueles para quem esta tarefa não parece uma missão impossível podem recorrer a vários produtos de poupança. A oferta é variada. É só escolher o nível de risco pretendido e seleccionar o que mais se adequa às necessidades de cada um. Não se esqueça da sua reforma. Há várias soluções para aplicar as poupanças de forma a assegurar um melhor rendimento depois de abandonar a vida activa.
8. Cartões de desconto. Utilize os cartões e os talões de desconto. Pode parecer pouco significativo, mas sempre são uns trocos que consegue poupar.
Sónia Peres Pinto, aqui