domingo, 22 de agosto de 2010

IMPOSTOS DEIXAM CONFIANÇA DE RASTOS

Síntese de conjuntura mostra que o pessimismo atingiu o valor mais alto do ano. Actividade económica melhorou.

Os portugueses estão cada vez mais pessimistas em relação ao futuro da economia nacional. Prova disso é o facto de, em Julho, a confiança dos consumidores ter atingido o valor mais baixo do ano, de acordo com a com a síntese económica de conjuntura de Julho, divulgada ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Na origem deste pessimismo estará a subida da carga fiscal introduzida em Junho pelo Governo.

De acordo com os dados avançados pelo INE, o indicador de confiança dos consumidores situou-se nos - 42,0 pontos. Um valor que representa a sexta queda mensal consecutiva deste indicador desde Janeiro e que só é ultrapassado pelos - 43,5 registados em média no segundo trimestre do ano passado.

Na opinião de João Duque, economista e professor do ISEG, esta quebra na confiança dos consumidores é "totalmente compreensível". "Tem em conta o novo enquadramento fiscal recentemente introduzido [aumento do IVA e do IRS], percebe-se que haja um sentimento de maior negativismo por parte das famílias, que já perceberam que vão sofrer com estes aumentos", explicou ao DN, frisando que "o facto de já se começar a sentir o aumento da inflação também pode contribuir para este sentimento".

Miguel Frasquilho apontou igualmente a subida dos impostos como a explicação mais simples para este clima de desconfiança dos consumidores. O economista e deputado do PSD sublinhou mesmo que estes dados permitem "perspectivar um abrandamento da economia maior do que o esperado para o segundo semestre".

Em sentido contrário à confiança dos consumidores, a síntese de conjuntura do INE mostra que a actividade económica melhorou em Junho, enquanto o clima económico estabilizou no mês de Julho. Em Junho, o indicador de actividade económica situou-se nos 1,9 pontos, face aos 1,5 pontos registados em Maio. Já o indicador de clima económico, por seu turno, permaneceu nos 0,1 pontos em Julho, o mesmo valor registado no mês anterior.

No que diz respeito ao consumo privado, registou-se uma "ligeira" subida durante o segundo trimestre do ano. "O indicador de consumo privado aumentou ligeiramente, em resultado do contributo positivo do consumo corrente e consumo duradouro", escreve o instituto responsável pela estatística nacional na síntese conjuntural ontem divulgada. Segundo os dados do INE, em Junho, o indicador de consumo privado situou-se nos 4,2 pontos, face aos 4,4 registados em Maio.

João Crisóstomo Batista, aqui