Estamos a construir um futuro sombrio. De todo o Mundo chegam-nos imagens devastadoras da água que mata, do fogo que mata, da Natureza que se revolta. A população mundial atingirá os 7 mil milhões neste ano.
Quando as minhas filhas forem adolescentes haverá mais mil milhões de seres humanos e quando chegarem ao auge da sua capacidade de trabalho haverá mais mil milhões - 9 mil milhões de pessoas a viver no Planeta dentro que 40 anos. Um acréscimo de 200 vezes a população portuguesa.
Não se perspectivam alterações significativas nas sociedades de consumo que por todo o Mundo pressionam a produção de energia a níveis assustadores. O desastre ambiental está à vista de todos, mas o ser humano não é capaz de ver mais que um dia de cada vez. Nas próximas décadas, uma parte do Mundo continuará uns meses a ser inundada e outros meses a arder e na outra parte do Mundo estará a acontecer o contrário.
Sou pai e é a minha alma que arde quando penso no Planeta que vou deixar às minhas filhas. Quero ser optimista e acreditar que as próximas gerações serão mais inteligentes que a minha e que as que me precederam. Quero acreditar que a Ciência será capaz de ajudar a Natureza a defender-se da ambição do ser humano.
Quando o calor aperta e o país onde nasci volta a arder de norte a sul e quando os governantes, os autarcas, os bombeiros, os populares trocam acusações, eu sei que nada vai mudar.
E é a minha alma que arde.
Paulo Baldaia, aqui