Na sequência dos casos de cegueira provocados por intervenções cirúrgicas oftalmológicas numa clínica ilegal do Algarve, têm vindo a público notícias sobre a proliferação por todo o país de clínicas e consultórios médicos do género ("de vão de escada" lhes chama o presidente da Entidade Reguladora da Saúde/ ERS), tantos que nem a própria ERS saberá quantos são. No que respeita à clínica algarvia, apesar de ter porta aberta há sete anos e "site" na Internet onde publicita a sua actividade "nas áreas de Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Psicologia e beleza", anunciando "parcerias com hotéis para proporcionar um preço competitivo de alojamento dando a oportunidade aos pacientes de desfrutarem de férias enquanto repousam de uma cirurgia", a ERS "não tinha conhecimento sequer da existência dessa entidade", a qual, não se encontrando "registada" e, portanto, não existindo, não podia (elementar, meu caro Watson) ser fiscalizada. Sorte da clínica, dedicar-se às cirurgias e não a vender bolas de Berlim na praia, caso em que, "registada" ou não, decerto seria fiscalizada e há muito que teria fechado.
Manuel António Pina, aqui
