quinta-feira, 27 de setembro de 2012

LIÇÕES


Os trabalhadores viram-se livres da TSU (taxa social única)

É um alívio que Passos anunciou antes da realização do Conselho de Estado que sancionou este necessário recuo, vital para a continuação do diálogo social a que voltou Coelho. 

É um emendar de mão, que não humilha, embora a TSU fosse nódoa a evitar. Terá assim um pouco a sabor de derrota, mas a humildade também fica bem aos políticos, quando falham, também redime. 


Antes da manifestação do dia 15 que foi, sem dúvida, um sério aviso à navegação, um murro na mesa do descontentamento geral dos portugueses, já o governo se tinha apercebido do enorme e gritante erro. Claro, quem ganhou com esta medida, mal estudada e pior explicadas, foram as forças anti-troika.

Resultado: as sondagens foram um desastre para o PSD que se viu em queda livre, menos 12% nas intenções de votos, ao contrário do PS, que cavalgou os partidos do poder. Quem ganhou claramente, é sempre assim, foi a esquerda radical, PCP e BE, a demagogia. O povo ainda adora promessas, ilusões. Agora, sobre alguns cacos da iniciada crise política, os partidos querem tirar dividendos, chamando a si os louros do derrube da TSU, que não do governo que seria, nesta altura do campeonato, o pior que poderia acontecer ao país. 

Isso acarretaria a suspensão do trabalho da Troika e ia ocorrer a falta de fundos para pagar aos funcionários públicos e o Estado cumprir com os seus compromissos. Todos estão contra a Troika que abusa, é certo, mas está a garantir-lhes o salário. Se enveredarmos pela ingovernabilidade e incumprimento dos compromissos, greves e manifestações e desordens, ficaremos na situação grega.

Foi-se a TSU, mas outras medidas virão para a necessária diminuição do gigantesco défice. É impensável querer que um governo tape num ano, com medidas e poucos sacrifícios e com algumas asneiras, o buracão de vinte anos. Para além do corte de meio salário nos sectores público e privado, penalização da classe alta (casas de luxo, carros de alta cilindrada, barcos e aviões, rendimentos de capital), está na hora também de ir aos bolsos dos políticos, ministros, deputados, boys e girls, especialistas e assessores e ex-governantes. 

Será este um meio do governo recuperar a credibilidade abalada.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada, de 27 de Setembro de 2012.