terça-feira, 12 de março de 2013

ERA UMA VEZ...

O ANEL
A madrinha tinha-lhe dado um anel. Não seria grande coisa, um enfeite apenas, mas a Lídia gostava muito do seu anelinho

De uma vez que estava a fazer bolas de sabão, à beira de um lavadoiro público, o anel escorregou-lhe do dedo e caiu à água. Há que dizer que o tanque era fundo. 


Por perto, nenhuma pessoa crescida. Que fazer?

A Lídia experimentou com uma cana, mas como a água estava turva, não deu com o anel. 

Então, e só então, a Lídia chorou. 

Um senhor que ia a passar, viu-a naquela desolação e perguntou-lhe o que sucedera. Ela contou. 
- Vamos lá ver se eu resolvo a situação - disse o senhor, tirando o casaco. 

Arregaçou a manga da camisa e enfiou o braço na água. Tacteia aqui, tacteia ali, encontrou um anel. 
- Cá está ele - exclamou, mostrando um rico anel de diamantes. 

Mas a Lídia disse que não era aquele o anel que ela perdera. Quem lhe dera! O anel dela era pobre, com uma pedrinha verde, a fingir uma esmeralda. 
- Será este? - perguntou o senhor, trazendo ao de cima um magnífico anel, com uma esmeralda autêntica. 

Realmente, o que se perde a lavar a roupa... Aquele lavadoiro público era uma joalharia. 

Que não senhor, que aquele anel também não lhe pertencia, respondeu a Lídia, com olhos de inocente. 

À terceira o senhor achou o anel da Lídia, que ficou muito feliz. Agradeceu e dali partiu, aos saltinhos. 

Depois, foi contar à sua amiga Elisa o que se passara. 
- E o senhor ainda ficou onde o deixaste? E os outros anéis? - perguntou a Elisa, com olhos de cobiça. 

Nem esperou pela resposta. Foi a correr para o pé do lavadoiro e pôs-se a chorar, numa grande gritaria. 

O senhor, que devia ser mágico ou algo de parecido, não tardou em aparecer. 

Quando perguntou a razão da choradeira, a menina Elisa contou que tinha acabado de perder dois anéis, um de diamantes e outro de esmeraldas, dois anéis valorosíssimos que a madrinha, uma senhora riquíssima, lhe tinha dado pelos anos... Enquanto ouvia, o senhor fingia-se muito condoído. 

Fez-lhe mais perguntas. Pediu mais pormenores e, no fim, disse: 
- Estou tão interessado no que a menina me conta, porque soube, ainda agora, que esses anéis foram roubados. O melhor é irmos à esquadra da polícia, para que se esclareça bem tudo o que aconteceu. E, de caminho, passamos por casa da sua madrinha. 

Qual caminho nem meio caminho! Ouvindo isto, a Elisa desatou a fugir, nem que viesse um esquadrão de polícias a correr atrás dela.

António Torrado e Cristina Malaquias, aqui